Karl Jaspers e os caminhos da filosofia

Caminhos para a sabedoria: Uma introdução à vida filosófica | Amazon.com.br

“É possível a poesia após Auschwitz?”, perguntava, em 1949, um estarrecido Theodor Adorno. Uma dúvida pertinente para quem escrevia quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e vivia em uma Alemanha social, econômica e moralmente devastada. Naquelas condições, caberia também perguntar: e a filosofia, é possível? Seu compatriota e contemporâneo Karl Jaspers acreditava que sim. E tanto acreditava que, naquele exato ano de 1949, mesmo diante dos escombros dos bombardeios, da miséria dos sobreviventes e da prostração de uma nação derrotada, encontrou forças para organizar doze palestras radiofônicas, veiculadas pela rádio Basel, da Suíça, versando sobre temas como as origens e os fins do ser humano, a ideia de Deus e a natureza da fé. A partir do conteúdo dessas palestras foi publicado  Caminhos para a sabedoria, que a editora Vozes lança agora em português (196 páginas, tradução de Cláudia Dornbusch) .

Não é fácil classificar um livro produzido de forma tão heterodoxa e em circunstâncias tão especiais: seria uma introdução à filosofia? Sim e não. Jaspers não segue, aqui, o itinerário típico de muitas obras propedêuticas, que apresentam os problemas mais recorrentes na história da filosofia e o tratamento a eles dado pelos pensadores de todas as épocas. Em vez disso, “Caminhos para a sabedoria” promove uma iniciação ao ato de filosofar tal como Jaspers o entende, isto é, como uma atividade integrada à própria essência do humano. Ressalte-se, aqui, o plural usado no título – “caminhos” -, indicando que há muitas vias para se alcançar a sabedoria filosófica. À diferença da ciência, que busca certezas a partir de conhecimentos acumulados ao longo do tempo – pressupondo, portanto, a existência de só um caminho, com um único sentido, das primeiras descobertas científicas até as atuais -, a filosofia não segue uma linha evolutiva e não tem um ponto de chegada pré-definido. Nas palavras do próprio Jaspers, é a busca da verdade, e não sua posse, que dá valor à filosofia. O que, de certa forma, garante que ela não apenas será sempre possível: será, também, sempre necessária.

Onde encontrar:

www.vozes.com.br

“Entre o passado e o futuro”, de Hannah Arendt

Entre o Passado e o Futuro: Edição em capa dura, revista e atualizada | Amazon.com.br“Oito exercícios de pensamento político” é o subtítulo em inglês de “Entre o passado e o futuro”, de Hannah Arendt, publicado pela Editora Perspectiva (424 páginas, tradução de Mauro W. Barbosa). Exercício, dizem os dicionários, consiste, entre outras coisas, em um treino que precede a prática de alguma atividade – como, por exemplo, um esporte de competição. Da mesma forma, os exercícios de Hannah Arendt presentes neste livro têm, nas palavras da própria autora, como objetivo “adquirir experiência em como pensar; eles não contém prescrições sobre o quê pensar ou acerca de que verdade defender”. São, em outras palavras, uma preparação e um estímulo para o desenvolvimento de ideias futuras.

Mas o que justifica a organização destes exercícios em um livro? Qual o seu denominador comum? Resposta: a relação do homem ocidental com a tradição e os desafios que surgem com a perda dessa ligação. Durante milênios, o homem se acostumou a viver e a mirar o futuro a partir das bases de um passado que ordena o presente. Nossa época, que tem início no século XIX, é a primeira, desde os gregos, a desvencilhar-se da tradição e a posicionar os homens no mundo em algum legado espiritual para ordená-los. Vivemos, os homens deste século, entre o futuro que ainda não é e o passado que já não ordena.

Que ninguém pense, contudo, que este homem sem tradição é um homem sem perspectiva. Pelo contrário: em vez do lamento resignado,  Hannah Arendt entende – e nos faz entender – que o fim de uma tradição é uma crise, mas não o fim; exorta-nos a olhar o mundo sem precedentes, a pensar questões perenes com o frescor da primeira vez – e a reconhecer que, em um mundo onde o passado já não ordena, a melhor saída é olhar para o futuro a fim de construí-lo.

Onde encontrar:

https://editoraperspectiva.com.br/

Sangue alemão (Jayme Caetano Braun)

 

 

Com referência ao germano
que veio a este chão pampeano
e não veio por acaso.
O colono, o soldado raso,
que veio para ficar
que veio para ajudar
com alma e independência
que veio fazer querencia,
fazer pátria e fazer lar.

Chegaram, aqui, e ficaram
chegaram aqui, e viram
chegaram aqui, e sentiram
chegaram, e se integraram
chegaram aqui e lavraram
formando nova etnia
e a nova sociologia
com alma simples de povo
transfusão de sangue novo
no altar da geografia

Hoje, já não há colono
e nem tampouco campeador
hoje existe paz e amor
nesse chão que é nosso,
que tem dono,
saõ sonhos de um mesmo sono.
E o pampa ficou pequeno
diante do olhar sereno
dos andejos peregrinos
que acharam no rio dos Sinos
um reio que imitava o Reno

Até a gaita de botão
fabricada na Alemanha
se entrançou-se na campanha
nos fandangos de galpão.
E nas noites de verão,
de inverno e de primavera,
conciliou-se na atmosfera
velhas canções açorianas
e doces canções germanas
da Saxônia e da Baviera

Alemanha, grande terra
que as inconstancias da guerra
toraram pelo meio
E eu penso junto ao fogão:
Deus deve ser brasileiro,
riograndense e missioneiro,
e tomador de chimarrão,
porque deu a bendição
a este Brasil maravilha
pátria que não se partilha
porque se aí ha dois Berlins
em nossos vastos confins
temos só uma Brasilia.

Uma nação, duas culturas

O Ocidente, dizem todos, vive nesta década uma ascensão do extremismo político. O termo parece impreciso. No célebre “Dicionário de Política” organizado por Norberto Bobbio, o cientista político Silvano Belligni propõe uma definição: extremistas, diz ele, são aqueles que rejeitam as regras do jogo de uma comunidade política. De onde vem o extremismo de hoje? Uma das hipóteses explicativas mais aceitas está no divórcio entre os valores da maioria da população, geralmente denominados tradicionais, e aqueles apregoados por políticos, jornalistas e artistas progressistas, com espaço na mídia e poder de decisão. Segundo essa percepção, a agenda destes últimos, frequentemente denominada “globalista”, com sua ênfase em temas como aborto, imigração e gênero, encontrariam no povo, na pior das hipóteses, um inimigo, e na melhor, um ouvinte cético. Jamais, contudo, um aliado.

A historiadora americana Gertrude Himmelfarb mostra, em “Uma nação, duas culturas” (É Realizações, 232 páginas, tradução de Rafael Sales de Azevedo), que está mais do que ciente desse divórcio. Segundo ela, os valores que acompanham os americanos desde a fundação do país têm sido atacados por diversos grupos políticos e sociais a partir dos anos 1960, perdendo considerável espaço na mídia e na academia desde então. Mas isso não significa que tenham desaparecido: permanecem vivos no seio da sociedade civil, onde as concepções tradicionais de família, religião e convivência ainda vigem.

O diagnóstico de Himmelfarb passa longe do tom fatalista encontrado na brigada “anti-globalista” da maioria dos países, e a autora é quase o oposto do estereótipo de “culture warrior” tão frequente nas redes sociais, sempre pronto a cingir suas lanças contra os supostos inimigos da tradição. Em primeiro lugar, não entende os anseios dos progressistas como ilegítimos: ao contrário, reconhece-lhes, em alguns casos, um papel renovador. Em segundo lugar, encontra pontos de diálogo entre as duas culturas a que alude, inspirada por uma – muito americana – fé na América e na sua capacidade de absorver novidades e combina-las com a tradição. Os EUA, entende Himmelfarb, podem ter suas divisões. Mas ainda são uma só nação.

 

Onde encontrar:

http://www.erealizacoes.com.br

 

Caminhos da dialética em Platão

Neste “Metamorfoses da dialética de Platão” (Editora Paulus, 346 páginas, tradução de Janaína Mafra), a professora Monique Dixsaut, da Universidade de Paris I, se debruça sobre um tema fundamental para o pensamento platônico: a dialética.

É, na verdade, algo mais do que apenas um “tema fundamental”: em Platão, a dialética é a maneira mais elevada do homem conhecer o mundo. Fundada no confronto entre diferentes pontos de vista (doxa), ela nos leva do mundo das aparências ao mundo das ideias, onde podemos apreender os primeiros princípios. A dialética é, assim, a ciência do ser verdadeiro , apreendido não pelos sentidos imediatos, mas pela razão (logos).

Por esse motivo, a professora Dixsaut nos alerta que, nesta obra, ela não está estudando a dialética em Platão, pois isto equivaleria a estudar Platão em si. Sua proposta , aqui, é percorrer todos os diálogos platônicos onde o tema da dialética é abordado, examinando como e de que forma ele se modifica – daí a metamorfose de que fala o título do trabalho – diante dos problemas filosóficos colocados. Assim, põe-se à mostra a potência da dialética em libertar o homem da dúvida e das impressões passageiras, exigindo, para tanto, a liberdade de pensamento e raciocínio – e não é por outra razão que um personagem do diálogo “O Sofista” denominou-a ciência dos homens livres. 

Onde encontrar:

http://www.paulus.com.br

Lembrança de Benedetto Croce

 

*artigo publicado no jornal Correio do Povo (28/1/2023).  

 

 

“Diante dos despojos desse homem, cujo nome há mais de cinquenta anos se espalhou pela Itália, pela Europa e por todo o mundo da cultura, cada qual se inclina num silêncio aflito e reverente.”

Assim a Rádio Vaticano iniciou a locução da notícia da morte de Benedetto Croce, ocorrida silenciosamente na sua residência em Nápoles, na Itália, no dia 20 de novembro de 1952. Aos 86 anos, andava sob cuidados médicos havia algum tempo, para a preocupação de seus compatriotas – incluindo o presidente da República, Luigi Einaudi, que solicitava informes diários sobre seu estado de saúde. No dia de seu enterro, Nápoles inteira saiu às ruas para, com devoção e fervor napolitanos, deixar o último adeus ao ilustríssimo filho, mestre maior da filosofia italiana em seu tempo, renovador da paisagem cultural de seu país e corajoso defensor da liberdade  mesmo nos piores momentos da ditadura fascista.

É difícil termos a dimensão da importância de Croce para a Itália da primeira metade do século XX. Basta dizer que a mensagem do Vaticano era a de um antigo adversário, que via não poucos perigos doutrinários nas teses crocianas. Outro adversário, o marxista Antonio Gramsci, qualificou-o como o “papa laico da cultura italiana”, e o escritor Primo Levi dizia que, nos tempos incertos da Segunda Guerra, quatro eram as fontes de certeza para os italianos: a Bíblia, a geometria, a física e Benedetto Croce. Ser uma fonte de certeza e autoridade convém a um papa – mesmo aos do tipo laico. E Croce parecia ter consciência de que cumpriria esse papel: em mais de cinco décadas de dedicação à filosofia, enfrentou todos os temas e questões,  da estética à ética, da história à política; envolveu-se em todas as polêmicas, dentro e fora do campo do pensamento; e, quando o país precisou, assumiu o púlpito para denunciar a barbárie do fascismo, suportando estoicamente as mais duras provas impostas pelo regime. Cada um terá, portanto, uma visão de Croce; cada um encontrará um motivo para inclinar-se diante de ele. Para isso precisamos, porém, conhecê-lo primeiro.

Benedetto Croce nasceu em 1866 em Pescasseroli, sul da Itália, em uma família pertencente à alta burguesa napolitana. Aos 17 anos, um terremoto que atingiu a ilha de Ísquia, onde a família passava férias, vitimou seus pais, tendo deixado o próprio Croce soterrado. Sem familiares próximos, passa à tutela de seu tio, Silvio Spaventa, irmão do filósofo Bertrando Spaventa e responsável por introduzi-lo nos estudos filosóficos. Frequenta o curso de Direito na Universidade de Nápoles, sem graduar-se: prefere assistir às palestras de Antonio Labriola, pioneiro do marxismo italiano, passando em seguida a interessar-se pela obra de Karl Marx e pelo socialismo. Ao longo da juventude, aproxima-se do pensamento de seu conterrâneo Giambattista Vico e, principalmente, do de Hegel, filósofo que o acompanhará para sempre. A relação de Croce com Hegel não significará, contudo, uma aceitação cega de cada palavra do mestre, com quem manteve importantes divergências. O “ser hegeliano”, para Croce, tinha um sentido muito particular: “Sou, e creio que é preciso ser hegeliano”,disse ele. “Mas no mesmo sentido em que qualquer um que tenha, em nossos tempos, um espírito e formação filosófica, é, e se sente, a um tempo, eleático, heraclitiano, socrático, platônico, aristotélico, estoico, cético, neoplatônico, cristão, budista, cartesiano, spinozista, kantiano, no sentido que todo pensamento, e todo movimento histórico do pensamento, não pode passar sem deixar seus frutos, sem trazer um elemento de verdade”.

Essa capacidade de aprender continuadamente, sem prender-se a grupos ou escolas, será uma das marcas definidoras de sua trajetória. E nós, leitores de Croce, também aprendemos muito. Aprendemos, por exemplo, a separar política e moral, o que nos protege dos discursos confusos de moralistas baratos; aprendemos a entender o liberalismo como um projeto cujo fim último – o progresso do espírito humano – não está necessariamente vinculado à economia de livre mercado (que Croce denomina “liberismo”), podendo admitir outras formas de produção de riqueza; e aprendemos, também, a ler um poema ou um romance, a apreciar um quadro ou uma canção, buscando neles a fantasia e a criação – pois a arte, segundo Croce, é intuição, a “forma auroral de conhecimento”, anterior ao conceito; é criação e não reflexão, monumento e não documento.

Mas não aprendemos de Croce apenas o que lemos em seus livros. Afinal – parafraseando uma de suas mais conhecidas obras – ele foi, desde o começo,  homem de pensamento e de ação, e sua ação no mundo também constitui exemplo a observar. Em 1910, assume a cadeira de senador e, em 1920, exerce brevemente o cargo de ministro da Instrução pública. Em companhia de Giovanni Gentile, seu parceiro intelectual, funda, em 1903, a revista “Crítica”. Contudo, a aproximação de Gentile com Mussolini levará a um inevitável rompimento: quando ele lança o “Manifesto dos intelectuais fascistas”, em 1925,  Croce logo responde com o “Manifesto dos intelectuais antifascistas”, e sua “Crítica” se converte em um importante ponto de resistência intelectual ao regime, com a participação de pensadores de todas as tendências.

Em sua Itália natal, influenciou toda uma corrente de social-liberais, social-democratas e socialistas, dos quais se destaca Norberto Bobbio, que mantinha uma foto de Croce em sua escrivaninha. No restante da Europa, sua “Estética”, livro de 1902 que não poucos consideram sua obra-prima, influenciará decisivamente o trabalho de Leo Spitzer, Dámaso Alonso, Karl Vossler e muitos outros filólogos, críticos literários e historiadores da literatura. Teve muitos leitores na América Latina da primeira metade do século XX, em um contexto de intensa imigração italiana e de consequente circulação de pensadores e escritores italianos; de conservadores como Jorge Luis Borges a socialistas revolucionários como José Carlos Mariátegui, todos encontraram soluções, problemas e interpretações na obra crociana. No Brasil, deixou sua marca na crítica literária de Alfredo Bosi, Otto Maria Carpeaux, Antonio Candido e muitos outros, além de um incontável número de juristas, cientistas políticos, historiadores e filósofos. E, entre este variado grupo de leitores e discípulos de Croce, esteve também o nosso Guilhermino César, que se referiu a ele nos seguintes termos:

“Qualquer que seja a nossa posição diante do pensador a quem devemos tal obra, algo subsiste fora de nenhuma dúvida: a mente crociana realizou a aventura do verdadeiro filósofo: procurou sempre. Durante mais de meio século, buscou completar sua metódica – retificando, ampliando, ratificando e documentando-a – e nisto é que encarnou realmente a sã curiosidade filosófica, na paixão das ideias, na lealdade a si mesmo, à unidade intrínseca do seu pensamento”.

Uma aventura à qual Benedetto Croce entregou-se com coragem intelectual e firmeza moral. Por isso, nesse momento, aos setenta anos de sua morte, dedicamos a ele nosso silêncio reverente e nossa lembrança.

Por que não podemos não nos dizer “cristãos” – Benedetto Croce

Conhecimento e história Pt. II (1-3): o historicismo de Croce – Dissensão e Tréplica
Ensaio publicado na revista La Critica por Benedetto Croce (1942).

*Tradução de Marcelo Consentino

Reivindicar a si mesmos o nome de cristãos é coisa que normalmente não vem desacompanhada de uma certa suspeita de piedosa unção e de hipocrisia, porque no mais das vezes a adoção do tal nome serviu à auto-complacência e para cobrir coisas assaz diversas do espírito cristão, como se poderia comprovar com referências que aqui deixamos de lado para não dar azo a juízos e contestações que nos distrairiam do objeto deste discurso. No qual se quer unicamente afirmar, com o apelo à história, que nós não podemos não nos reconhecer e não nos dizer cristãos, e que esta denominação é simples observância à verdade.

O cristianismo foi a maior revolução que a humanidade jamais realizou: tão grande, tão abrangente e profunda, tão fecunda de consequências, tão inesperada e irresistível em seu atuar-se, que não espanta que tenha aparecido e que ainda possa aparecer como um milagre, uma revelação do alto, uma intervenção direta de Deus nas coisas humanas, que Dele receberam lei e um sentido de fato novo.

Todas as outras revoluções, todas as maiores descobertas que marcam épocas na história humana, não se sustentam confrontadas com ela, mostrando-se diante dela particulares e limitadas. Todas, não excluída aquela que a Grécia realizou na poesia, na arte, na filosofia, na liberdade política, e Roma no direito: para não falar das mais remotas no alfabeto e na arte de escrever, na matemática, na ciência astronômica, na medicina e tudo o mais que devemos ao Oriente e ao Egito. E as revoluções e descobertas que se seguiram nos tempos modernos, enquanto não foram particulares e limitadas à maneira das suas precedentes na antiguidade, mas empenharam o homem todo, a própria alma do homem, não podem ser pensadas sem a revolução cristã, em uma relação de dependência para com ela, à qual pertence o primado porque o impulso originário foi e perdura sendo o seu.

A razão disto é que a revolução cristã se realizou no centro da alma, na consciência moral, e, sobrelevando o íntimo e o característico de tal consciência, foi como se lhe conferisse uma nova virtude, uma nova qualidade espiritual, que até então faltara à humanidade. Os homens, os gênios, os heróis que existiram antes do cristianismo, realizaram ações estupendas, obras belíssimas, e nos legaram um riquíssimo tesouro de formas, de pensamentos e de experiências; mas em tudo isso se deseja precisamente aquele toque próprio que nos comunga e irmana, e que o cristianismo, e só ele, deu à vida humana.

E, contudo, este não foi um milagre que irrompeu no curso da história e nela se inseriu como força transcendente e estrangeira; e não foi tampouco aquele outro e milagre metafísico que alguns filósofos (Hegel sobretudo) construíram quando se deram a pensar a história como um longo processo no qual o espírito adquire uma após a outra as partes constitutivas de si mesmo, as suas categorias – a um certo ponto o conhecimento científico ou o Estado ou a liberdade, e, com o cristianismo, a intimidade moral –, porque o espírito é sempre a plenitude de si mesmo, e sua história são as suas criações, contínuas e infinitas, com as quais o eterno celebra a si mesmo. E como nem os gregos nem os romanos nem os orientais introduziram no mundo aquelas formas universais das quais, por ênfase, diz-se que são criadores, mas em virtude das quais produziram somente as obras e as ações com as quais tocaram altitudes antes não tocadas e assinalaram solenes crises na história humana; assim também a revolução cristã foi um processo histórico, que está no processo geral histórico como a mais solene das suas crises. Tentativas, preâmbulos, preparações do cristianismo foram notadas, como o são para toda e qualquer obra humana – para um poema tanto quanto para uma ação política –; mas a luz que tais fatos parecem assim irradiar eles a recebem por reflexo, da obra posteriormente realizada, posto que não a tinham em si, porque nenhuma obra jamais nasce por agregação ou concurso de outras que não sejam ela, mas sempre e somente por um ato original e criativo: nenhuma obra preexiste em seus antecedentes.

A consciência moral, com a emergência do cristianismo, foi avivada, exultada e reconfigurada em modos novos, toda ela férvida e confiante, com o senso do pecado sempre insidioso e com a posse da força que sempre se lhe opõe e sempre o vence, humilde e alta, e reencontrando na humildade a sua exaltação e no servir ao Senhor a alegria. E manteve-se incontaminada e pura, intransigente para com toda lassidão que a levasse para fora de si e a pusesse em contraste consigo mesma, vigilante mesmo contra a estima e o louvor e o esplendor social; e a sua lei rebentou unicamente da voz interior, não de comandos ou preceitos externos, pois todos se mostram insuficientes ao nó que de quando em quando se deve desatar, ao fim moral a ser conquistado, e todos, por uma via ou por outra, acabam por recair na planície sensual e utilitária. E o seu afeto foi de amor, amor por todos os homens, sem distinção de pessoas e de classes, de livres e escravos; por todas as criaturas; por todo o mundo, que é obra de Deus e Deus que é Deus de amor, e não está separado do homem, e rumo ao homem desce, e no qual todos somos, vivemos e nos movemos.

De tal experiência, que era a um só tempo sentimento, ação e pensamento, surgia uma nova visão e uma nova interpretação da realidade, não mais encontrável no objeto, alheio ao sujeito e posto em lugar do sujeito, mas naquele que é o eterno criador das coisas e o único princípio de explicação; e instaurava-se o conceito de espírito, e Deus mesmo já não mais foi concebido como indiferenciada unidade abstrata, e, enquanto tal, imóvel e inerte, mas uno e distinto ao mesmo tempo, porque vivo e fonte de toda vida, uno e trino.

Esta nova atitude moral e este novo conceito apresentaram-se em parte envolvidos em mitos – reino de Deus, ressurreição dos mortos, batismo de preparação, expiação e por aí afora –; passaram laboriosamente dos mitos mais corpulentos a outros mais finos e transparentes de verdade; intrigaram-se em pensamentos não sempre levados à harmonia e chocaram-se em contradições perante as quais se estacaram hesitantes e perplexos; mas nem por isso deixam de ser substancialmente aqueles que enunciamos brevemente e que cada um sente ressoar dentro de si quando pronuncia a si mesmo o nome de “cristão”. Uma nova ação, um novo conceito, uma nova criação de poesia não é e não deve ser concebida, uma vez que se configura na abstração e na imaginação conjunta, como qualquer coisa objetivamente concluída e circunscrita, mas como uma força que abre seu caminho entre outras forças, e por vezes encalha, e por outras se perde, e por outras ainda avança lenta e tenazmente ou mesmo se deixa aqui e ali ultrapassar por outras forças que não pode pelo momento vencer de todo submetendo-as e assimilando-as a si, e nos fracassos se retempera e dos fracassos se reergue combativa. E quem a queira compreender em seu caráter próprio e original deve distingui-la dos fatos a ela alheios, ultrapassar aqueles que são incidentais, vê-la não em seus impasses e bloqueios, em suas aporias e contradições, em suas errâncias e desvios, mas em seu ímpeto primeiro e em sua tensão dominante, tal como uma obra de poesia vale por aquilo que tem em si de poético e não pelo impoético que se lhe mistura ou que vem em sua companhia, pelas maculae que existem mesmo em Homero e Dante. Costuma-se opor, com sentimento de descrença e com palavra de crítica severa, que deste modo se “idealizam” as doutrinas e os fatos, e não se lhes respeita em sua realidade integral; mas este “idealizar” (que de modo algum fecha os olhos aos elementos alheios e incidentais, e, por isso mesmo, não os nega) outra coisa não é, como dizíamos, que a “inteligência” que os entende. Tome-se por prova o caminho contrário, e ponha-se no mesmo plano os logos e os mitos, as coerências e as incoerências, as certezas e as incertezas de um pensador; e a conclusão será necessariamente que aquela obra não foi realmente uma obra, mas um nada, contraditória, viciada e corroída do alto ao fundo pelos erros: o que de bom grado costumam fazer não poucos críticos e historiadores prontos, ao que parece, para encontrar nos grandes fatos e pensamentos e obras do passado a mesma dispersão mental e a mesma inércia moral, que neles há[1].

Foi outrossim natural e necessário que o processo formativo da verdade, que o cristianismo tinha tão extraordinariamente intensificado e acelerado, se detivesse provisoriamente a um certo ponto, e que a revolução cristã tivesse um alento de repouso (alento que em história pode ser cronologicamente de séculos) conferindo a si mesma uma ordenação estável. E também aqui foi acusada e lamentada, e ainda hoje se lamenta, a queda da alteza na qual o entusiasmo cristão se movia, e a cristalização, a pragmatização, a politização do pensamento religioso, o bloqueio do seu fluxo, a solidificação que é morte. Mas a polêmica contra a formação e a existência da Igreja ou das Igrejas é tão pouco razoável quanto seria aquela contra a universidade e as outras escolas nas quais a ciência, que é contínua crítica e autocrítica, cessa de ser tal, sendo fixada em catecismos e manuais e sendo ensinada bella e fatta [pronta e acabada], seja para ser empregada em fins práticos, seja, nos espíritos bem dispostos, como matéria a se ter presente para os novos progressos científicos a serem realizados ou tentados. Não se deve eliminar da vida do espírito este momento, no qual se fecha o processo cogitativo da investigação com a fé conquistada e se abre aquele da ação prática, no qual a fé se transfunde. E se tal fechamento por um lado parece ser, e em certo sentido é, a morte (e, seja, a eutanásia, a boa morte) da verdade, porque a verdade genuína está unicamente no processo do seu fazer-se, é, por outro lado, uma conservação da verdade para a sua nova vida e para a retomada daquele processo, quase sempre protegido e escondido, que germinará e desabrochará em novos ramos. Assim a Igreja cristã católica forjou os seus dogmas, não temendo formular por vezes o não pensável porque não plenamente resolvido na unidade do pensamento, o seu culto, o seu sistema sacramental, a hierarquia, a disciplina, o patrimônio terreno, a economia, as finanças, o seu júri e os seus tribunais e a correlativa casuística legal, e estudou e concretizou acomodações e transações com necessidades que não podia extinguir ou reprimir e nem deixar livres e desenfreadas; e benéfica foi a sua ação, vencendo o politeísmo do paganismo e os novos adversários que vieram do Oriente (do qual ela mesma provinha e que havia superado), sendo estes particularmente perigosos porque traziam impressos muitos traços de sua própria fisionomia, como os gnósticos e os maniqueístas, e entregando-se à construção sobre novos alicerces espirituais do decadente e decaído império de Roma, e, deste, como de toda a cultura antiga, acolhendo e conservando a tradição. E teve uma longa época de glória que foi chamada Idade Média (partição histórica e denominação em aparência nascida como que por acaso, mas com efeito guiada por uma segura intuição da verdade), na qual não só levou a termo o processo de cristianização e romanização e civilização dos germânicos e de outros bárbaros, não só conteve as renovadas insídias e os danos certos das novas-velhas heresias, dualistas, pessimistas e ascéticas, acósmicas e negadoras da vida, não só animou à defesa conta o Islam, que ameaçava toda a civilização europeia, mas manteve as partes da exigência moral e religiosa que supera aquela unilateralmente política e a si a dobra, e, enquanto tal, a justo título, ela afirmou o seu direito de domínio sobre o mundo inteiro, fossem quais fossem, nas situações de fato, as frequentes perversões ou as inversões deste direito.

Tampouco são válidas as outras acusações usuais contra a Igreja cristã católica em razão da corrupção que dentro de si deixou penetrar e frequentemente de modo assaz grave alargar; porque toda instituição carrega em si o perigo da corrupção, das partes que usurpam a vida do todo, dos motivos privados e utilitários que se substituem aos morais, e toda instituição sofre de fato estas vicissitudes e continuamente se esforça por superá-las e por restituir as condições de saúde. Ocorre o mesmo, conquanto em modo menos escandaloso ou mais mesquinho, nas Igrejas que contra a sua primogênita católica, acusando-lhe a corrupção, se ergueram, nas várias confissões evangélicas e protestantes. A Igreja cristã católica, como se sabe, mesmo durante a Idade Média, valendo-se dos espíritos cristãos que se inflamavam espontaneamente dentro e fora de seus quadros e integrando-os à sua missão, se revigorou e se reformou tacitamente por diversas vezes; e quando, mais tarde, através da corrupção de seus papas, de seu clero e de seus frades, através da transformação da condição política geral, que lhe tomara o domínio por ela exercido na Idade Média e neutralizara as suas armas espirituais, e, enfim, através do novo pensamento crítico, filosófico e científico, que tornava antiquada a sua escolástica, ela esteve a ponto de perder-se, reformou-se uma vez mais com prudência e com política, salvando de si aquilo que a prudência e a política são capazes de salvar, e continuando a sua obra, que registraria seus maiores triunfos nas terras recém descobertas do Novo Mundo. Uma instituição não morre por seus erros acidentais e superficiais, mas somente quando não satisfaz mais nenhuma necessidade, ou na medida em que se reduz a quantidade e se abaixa a qualidade das necessidades que esta satisfaz. E quais sejam, neste sentido, as presentes condições da Igreja católica, é questão alheia ao discurso que aqui conduzimos.

Reatando este discurso ao ponto do qual nos afastamos para fornecer os supracitados esclarecimentos sobre a verdade que é própria do cristianismo e sobre a sua relação com a Igreja e com as Igrejas, e reconhecida a necessidade de que o processo formativo e progressivo do pensamento cristão deveria provisoriamente ser concluído (como se faz, no fundo, seja-me lícito traduzir em benefício da clareza o grande no pequeno, quando, escrito um livro, o enviamos ao prelo e ao público resistindo à loucura do infinitum perfectionis), não é menos verdade, por outro lado, que o mesmo processo deveria ser reaberto, revisto e conduzido mais além e mais ao alto. Aquilo que pensamos, não por isto chega a ser pensado por completo: o fato não é jamais fato árido, acometido de esterilidade, mas está sempre em gestação, é sempre, para adotar um moto de Leibniz, gros de l’avenir [prenhe do futuro]. Aqueles gênios da ação profunda, Jesus, Paulo, o autor do quarto evangelho, e os outros que com esses variamente cooperaram na primeira época cristã, pareciam, com o seu próprio exemplo, posto que férvidos e sem repouso foram os esforços de seu pensamento e de sua vida, pedir que os ensinamentos oferecidos por eles fossem tomados não somente por uma fonte de água transbordante a jorrar eternamente, ou por algo similar às videiras de cujos ramos brotam frutos, mas por uma obra incessante, viva e plástica, a dominar o curso da história e a satisfazer as novas exigências e as novas questões com as quais eles mesmos não se confrontaram e que não propuseram e que só viriam a ser geradas posteriormente no seio da realidade. E posto que este prolongamento, que é a um só tempo transformação e crescimento, não pode jamais ser concretizado sem melhor determinar, corrigir e modificar os primeiros conceitos, e sem incrementá-los com novos e realizar novas sistematizações, e por isso não podem ser nem repetição nem um impossível comentário literal e, em suma, trabalho mecânico (como, em geral, salvo esparsos espasmos e raras centelhas, no período medieval), mas trabalho genial e congenial, continuadores efetivos da obra religiosa do cristianismo devem ser considerados aqueles que, partindo de seus conceitos e integrando-os com a crítica e com a ulterior investigação, produziram progressos substanciais no pensamento e na vida. Foram, portanto, não obstante alguns traços anticristãos, os homens do humanismo e do Renascimento, que compreenderam a virtude da poesia e da arte e da política e da vida mundana, reivindicando-lhe a plena humanidade contra o sobrenaturalismo e o ascetismo medievais, e, em certos aspectos, ao ampliarem a um significado universal as doutrinas de Paulo, desligando-as de referências particulares, das esperanças e das expectativas do tempo dele, os homens da Reforma; foram os severos fundadores da ciência físico-matemática da natureza, com as descobertas que suscitaram novos meios à civilização humana; os porta-estandartes da religião natural e do direito natural e da tolerância, antecessores das ulteriores concepções liberais; os iluministas da razão triunfante, que reformaram a vida social e política, desmantelando o que ainda restava do feudalismo medieval e dos privilégios medievais do clero, e dissipando trevas espessas de superstições e preconceitos, e inflamando um novo ardor e um novo entusiasmo pelo bem e pela verdade e um renovado espírito cristão e humanitário; e, após eles, os práticos revolucionários que da França propagaram a sua eficácia a toda Europa; e, depois, os filósofos, que procuraram dar forma cristã e especulativa à idéia do Espírito, que o cristianismo substituíra ao antigo objetivismo, Vico e Kant e Fichte e Hegel, os quais, direta ou indiretamente, inauguraram a concepção da realidade como história, concorrendo na superação do radicalismo dos enciclopedistas com a idéia do desenvolvimento e do libertarismo abstrato dos jacobinos com o liberalismo institucional, e o seu cosmopolitismo abstrato com o respeito e a promoção da independência e da liberdade de todas as várias e singulares civilizações dos povos ou, tal como foram chamadas, das nacionalidades: – estes, e tantos outros como eles, que a Igreja de Roma, pronta (como não podia deixar de ser) a proteger a sua instituição e a estrutura que dera aos seus domínios no concílio de Trento, devia por consequência desconhecer e perseguir e, em última instância, condenar junto com toda a idade moderna em um seu sílabo, sem, no entanto, ser capaz de contrapor à ciência, à cultura e à civilização moderna secular uma outra e sua própria e vigorosa ciência, cultura e civilização. E devia e deve reprimir com horror, como blasfêmia, o nome que a estes tais bem cabe de cristãos, de operários na vinha do Senhor, que fizeram frutificar com seus esforços, com seus sacrifícios e com seu sangue a verdade de Jesus primitivamente anunciada e elaborada pelos primeiros pensadores cristãos, mas não diversamente de qualquer outra obra do pensamento, que é sempre um esboço a que perpetuamente se deve acrescentar novos retoques e novas linhas. Nem pode, de modo algum, dobrar-se à ideia de que haja cristãos fora de cada uma das Igrejas, não menos genuínos do que aqueles que estão dentro, e tanto mais intensamente cristãos, porque livres. Mas nós – que não escrevemos nem para agradar, nem para desagradar, aos homens das Igrejas, e que compreendemos, com o obséquio devido à verdade, a lógica da sua posição intelectual e moral e a lei de seu comportamento –, devemos confirmar o uso daquele nome que a história nos demonstra legítimo e necessário.

Uma prova deveras significante que se extrai desta interpretação histórica é o fato de que a contínua e violenta polêmica anti-eclesiástica, que percorre os séculos de nossa era moderna, sempre se estacou, calando-se reverentemente, à lembrança da pessoa de Jesus, sentindo que a ofensa a ele seria ofensa a si mesma, às razões de seu ideal, ao coração de seu coração. Mesmo alguns poetas, os quais, pela licença que aos poetas se concede de plasmar fantasticamente em símbolos e metáforas os ideais e os contra-ideais conforme os impulsos da sua paixão, entreviram em Jesus – em Jesus que amou e quis a alegria – um negador da felicidade e um difusor da tristeza, acabaram por oferecer a palinódia do seu primeiro dito, como é o caso com o alemão Goethe e com o italiano Carducci. Impressões e fantasias de poetas foram, outrossim, as nostalgias pelo sereno paganismo antigo, de ordinário contraditas com as opostas impressões e fantasias daqueles mesmos que delas se haviam ocupado por pouco [2]. O despreocupado gáudio e a gozação, que parecia inocente aonde quer que se voltasse e se derramasse, fosse sobre qual fosse o fato ou personagem glorioso da história e da poesia, não pareceu inocente e jamais foi permitida em torno à figura de Jesus, que também resistiu constantemente a ser levada aos palcos dos teatros, salvo, na ingenuidade das sacras representações medievais e de seus arremedos populares, aos quais a Igreja foi sempre indulgente, quando não os promoveu ela mesma. E uma outra prova pode, quiçá, ser extraída da atitude e das simbologias de colorido cristão, com as quais foram frequentemente revestidos os motivos políticos e sociais da era moderna, mesmo aqueles de caráter mais distintamente anti-eclesiástico, de modo que se pôde falar da “cidade celeste”, que os racionalistas setecentescos, os voltairianos, haviam edificado, do “jardim do Éden”, por eles transferidos à antiga Roma ou à felicidade arcádica da “Razão” e da “Natureza”, que tinham em si o papel da Bíblia e da Igreja, e coisas similares; e as revoluções dos tempos modernos invocam os seus “reveladores”, enviam os seus “apóstolos” e glorificam os seus “mártires” [3].

Fato está que, ainda que toda a história passada conflua em nós e de toda história sejamos filhos, a ética e a religião antigas foram superadas e resolvidas na idéia cristã da consciência e da inspiração moral, e da nova idéia de Deus na qual existimos, vivemos e nos movemos, e que não pode ser nem Zeus nem Jahve, e nem mesmo (não obstante as adulações que em nossos dias se lhe quis prestar) o Wohtan germânico; e por isso nós, especificamente na vida moral e no pensamento, nos sentimos diretamente filhos do cristianismo. Ninguém pode saber se uma outra revelação e religião, parelha ou maior do que esta que Hegel definia a “religião absoluta”, virá à humanidade, em um futuro do qual não se vê pelo momento nem o mais minúsculo lampejo; mas se vê perfeitamente bem que, em nosso presente, não estamos de modo algum fora dos confins estabelecidos pelo cristianismo, e que nós, como os primeiros cristãos, continuamos a labutar na composição dos sempre renascentes e ásperos e ferozes contrastes entre imanência e transcendência, entre a moral da consciência e aquela do comando e das leis, entre a eticidade e a utilidade, entre a liberdade e a autoridade, entre o celeste e o terrestre que estão no homem, e ao conseguirmos compô-los em tal ou qual forma particular surge em nós a alegria e a tranquilidade interior, e da consciência de não podermos mais compô-las em plenitude e exaurir-lhes, o sentimento viril do perpétuo combatente ou do perpétuo operário, ao qual, e aos filhos de seus filhos, não faltará jamais matéria para o trabalho, isto é, para a vida. E conservar e reacender e alimentar o sentimento cristão é a nossa sempre recorrente necessidade, hoje mais do que nunca pungente e tormentosa, entre a dor e a esperança. E o Deus cristão é ainda o nosso, e as nossas refinadas filosofias o chamam Espírito, que sempre nos supera e sempre é nós mesmos; e se nós já não o adoramos como mistério é porque sabemos que Ele sempre será mistério aos olhos da lógica abstrata e intelectualista, imerecidamente creditada e dignificada como “lógica humana”, mas que Ele é límpida verdade aos olhos da lógica concreta, que poderia bem ser chamada “divina”, entendendo-a no sentido cristão como aquela à qual o homem continuamente se eleva, e que, continuamente conjugando-o a Deus, o faz verdadeiramente homem.

Notas

[1] Mas seja-me consentido notar que a hodierna literatura italiana possui nos livros de Omodeo sobre as origens cristãs uma obra na qual o vigilante senso histórico das transições e gradações se esposa, coisa assaz rara, com o robusto pensamento filosófico, e a percepção dos eventos em sua determinação com as percepções dos nexos que os ligam ao seu passado e ao seu futuro.

[2] Aquilo que os admiradores do neopaganismo não consideravam pode ser expresso com as palavras que Jacob Burckhardt põe nos lábios do Hermes do Vaticano, imaginando que pense assim: “Nós tínhamos tudo: fulgores de deuses celestes, beleza, eterna juventude, indestrutível contentamento; mas não eramos felizes, porque não éramos bons”. Que é o mesmo que dizer: “não éramos cristãos”.

[3] Ver o livro de Carl L. Becker, The Heavenly City of the eighteenth century philosophers (New Hale, 1932).

Um convite a Xavier Zubiri

Paulus Editora - Periódicos, Livros, CDs, DVDs, Auto-ajuda, Bíblico,  Comunicação, Teologia etc.

A filósofa espanhola María Zambrano, uma das mais destacadas figuras da chamada “Escuela de Madrid” de filosofia, dizia que iniciou sua trajetória intelectual oscilando entre dois polos: a claridade de Ortega y Gasset e a obscuridade de Xavier Zubiri. Falava, certamente, em nome de muitos de seus companheiros de geração, formados a partir das lições dos dois filósofos

O primeiro nome ressoará no ouvido de muitos: trata-se, afinal, do grande José Ortega y Gasset,  autor de obras fundamentais como “Rebelião das Massas” e “Espanha invertebrada”, o homem da frase “eu sou eu e minha circunstância”,  jornalista destacado e estilista maior da prosa espanhola. O mesmo não se pode dizer de Xavier Zubiri: à exceção de alguns especialistas aqui ou acolá, seu nome é recebido com silêncio. Seria fruto de um pensamento – para usar a expressão de Zambrano – “obscuro”? Difícil responder. O fato é que seu nome não chegou ao grande público.

Trazer a obra de Zubiri ao conhecimento do público é o objetivo de Matheus da Silva Bernardes em “Introdução a Xavier Zubiri – Pensar a realidade”, recém-lançado pela editora Paulus (112 páginas, R$ 21). O subtítulo da obra indica o caminho o projeto intelectual zubiriano: pensar a realidade radicalmente. Zubiri busca afastar-se do idealismo moderno, por um lado, e do realismo “ingênuo” escolástico e da filosofia clássica, por outro, propondo um realismo crítico, que enfoca a realidade tal como se apresenta durante a intelecção. O leitor de Edmund Husserl e Martin Heidegger identificará os aportes destes autores nessas formulações, mas o cabedal de influências do filósofo basco vai além: incorpora muito da ciência do século XX, em particular da Mecânica Quântica e da Relatividade de Albert Einsten, e retoma uma atitude filosófica da aurora da filosofia grega, deixada de lado ao longo da história do pensamento ocidental: pensar as coisas. 

Nesta “Introdução”, Matheus da Silva Bernardes inicia com uma breve biografia, segue com uma apresentação sintética do pensamento do filósofo e finaliza com um apanhado das leituras contemporâneas de Zubiri, em particular na América Latina. Trata-se de um livro de convite – e é um convite muito bem apresentado, com a claridade necessária para apresentar um pensamento original.

 

 

Bíblia e Harpa Pentecostal: edição de promessas – Letra hipergigante

As dificuldades para a leitura da Bíblia são muitas. Basta dizer que a disciplina da hermenêutica – a ciência da interpretação – tem sua origem na tentativa de compreender os múltiplos significados da Palavra. Mas há outras dificuldades, mais imediatas, que afastam o fiel da leitura: de tempo para ler; de espaço para sentar-se e abrir o livro; e até, veja-se, de tamanho da letra de impressão.

Pensando nos interesses e necessidades desse leitor, a King’s Cross lançou “Bíblia e Harpa Pentecostal: edição de Promessas – Letra Hipergigante”. O título já informa a intenção básica da publicação: levar a tradução de João Ferreira de Almeida, a mais afamada dentre as traduções protestantes,  com o máximo de facilidade visual para o público. Além desse atrativo, a edição destaca mais de 1100 promessas, espalhadas em 71 temas ao longo do texto, trazendo mensagens de conforto espiritual para os fiéis. Tudo em um volume belamente encadernado e de fácil manuseio.

Onde encontrar:

http://www.kingscross.com.br

“Diários da Amazônia”, de Roger Casement, são publicados no Brasil

 

O irlandês Roger Casement teve uma vida marcada pelo signo da mudança.

Nascido numa Irlanda submetida ao domínio britânico, membro da aristocracia colonial de origem inglesa, tornou-se, com muitos de sua classe, membro do serviço civil britânico: foi cônsul de Sua Majestade em vários países. Ao contrário de muitos de seus pares, contudo, tinha uma visão nada positiva dos Impérios e do Imperialismo – era, afinal de contas, um irlandês. E um irlandês conhece os efeitos do colonialismo como ninguém.

Casement foi cônsul-geral britânico no Brasil e fez duas viagens à região do Alto Amazonas, em 1910 e 1911, com o objetivo de investigar denúncias de violência e escravidão cometidas contra indígenas brasileiros, peruanos e colombianos. O relato dessas viagens, reproduzido no livro “Diários da Amazônia”, é considerado pioneiro na defesa da cultura ameríndia e dos direitos humanos.

O livro da Edusp é a primeira tradução para o português da obra de Casement. Ele foi organizado pela professora Laura Izarra, coordenadora da Cátedra de Estudos Irlandeses W. B. Yeats da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e pela pesquisadora Mariana Bolfarine, daquela cátedra. A tradução é de Mariana Bolfarine, Maria Rita Drumond Viana e Mail Marques Azevedo.

 

 

 

 

 

 

 

Sérgio Paulo Rouanet (1934 – 2022)

 

Sérgio Paulo Rouanet nos deixou na tarde deste domingo.

Poucos nomes foram tão vilificados no Brasil contemporâneo quanto o dele. Não criticaram, é claro, o sociólogo e filósofo, autor de numerosos ensaios e livros sobre a herança do Iluminismo, a filosofia francesa contemporânea e muitos outros temas, escritos ao longo de cinco décadas; não criticaram tampouco o tradutor, o acadêmico ou o jornalista; não: o alvo de todos esses não-leitores de Rouanet foi a lei de incentivo à cultura batizada com seu nome.

É bem pouco provável que crítico médio da Lei Rouanet saiba do trabalho dele; é bem pouco provável que, mesmo sabendo, poupe-o da vilificação. Para os demais, a obra de Rouanet está aí – e vale a pena ser relida.

Algumas de suas ideias podem ser conferidas aqui, nesta entrevista ao “Roda Viva”:

Carlos Nejar é escolhido como patrono da Feira do Livro de Porto Alegre

Carlos Nejar é o patrono da 68ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre

“O novo patrono é um gigante, com 62 anos de literatura, 83 anos de idade, com 100 livros publicados e o único gaúcho na Academia Brasileira de Letras”. Assim, com essas altissonantes palavras, o poeta Fabrício Carpinejar introduziu o novo patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. Altissonantes e orgulhosas: pois, afinal de contas, Carpinejar está apresentando o próprio pai, o também poeta, e também gaúcho, Carlos Nejar.

Não qualquer poeta gaúcho: Nejar, além de todos os predicados elencados pelo filho orgulhoso, é denominado o “poeta do pampa brasileiro”.

“Eu tenho um dom que me transcende e uma crença na palavra”, disse Nejar ao receber o microfone. “Eu estou de pé ainda por causa da palavra. Quero abraçar o Rio Grande do Sul neste momento”.

Poucos têm tanto direito a querer isso.

 

 

A Divina Comédia e a Filosofia – Friedrich Wilhelm Schelling

700 anos da morte de Dante Alighieri: Minha homenagem ao Sumo Poeta. | by Eduardo França de Souza | Medium

Ensaio datado de 1803

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Aos que amam o passado mais que o presente não causará estranheza verem-se afastados dos espetáculos nem sempre recompensadores deste último e levados de volta a um tão longínquo monumento da filosofia ligada com a poesia como são as obras de Dante, há muito recobertas pela santidade da antiguidade.

Para justificar o espaço ocupado aqui por estes pensamentos, não desejo de início alegar nada, a não ser que o poema a que se referem é um dos mais notáveis problemas da construção histórica e filosófica da arte. A continuação mostrará que esta investigação encerra em si outra, muito mais universal, concernente às relações da própria filosofia, e para esta não é de interesse menor que para a poesia, já que a fusão mútua de ambas, a que tende todo o tempo moderno, requer, de ambos os lados, condições igualmente determinadas.

No sagrado Santuário, onde religião e poesia se aliam, ergue-se Dante como Sumo Sacerdote – e sagra toda a arte moderna para sua destinação. Representando não um poema individual, mas, o gênero inteiro da poesia moderna e, mesmo, um gênero por si, a Divina Comédia está tão inteiramente fechada em si mesma que a teoria abstraída de formas mais particular é totalmente insuficiente para ela, que, como um mundo próprio, exige também sua própria teoria. O predicado da divindade foi-lhe dado pelo autor porque ela trata da teologia e de coisas divinas; comédia, ele a chamou segundo os conceitos mais ele só é pensável se o saber, como imagem do universo e em perfeita concordância com ele, como a mais original e mais bela das poesias, já for em si mesmo e por si mesmo elementares desse gênero e de seu oposto, por causa de seu começo terrível e de seu feliz desenlace e porque a natureza mista de seu poema, de matéria ora mais sublime ora mais vil, tornava necessária uma espécie também mista de tratamento.

É fácil ver, porém, que segundo os conceitos usuais ele não pode ser chamado dramático, pois não apresenta nenhuma ação delimitada. Na medida em que se considere o próprio Dante como a personagem principal, que apenas serve de elo para a imensa série de visões e quadros e se comporta mais como passiva que como ativa, esse poema poderia parecer aproximar-se do romance; mas também esse conceito o esgota tão pouco que ele pode, segundo uma representação mais usual, ser chamado épico, uma vez que nos objetos da exposição mesma não ocorre nenhuma sucessão.

Considerá-lo como poema didático é igualmente impossível, uma vez que foi escrito em forma e propósito muito mais incondicionados que os do ensino. Não é, portanto, nada de tudo isso em particular, nem sequer, porventura, uma composição, mas uma mistura inteiramente própria, como que orgânica, que não pode ser reproduzida por nenhuma arte arbitrária, de todos os elementos desses gêneros, um indivíduo absoluto, não comparável a nada de outro, apenas a si mesmo.

Domenico di Michelino,  “Dante e seu poema” (1465)  

A matéria do poema, universalmente considerada, é a enunciação da identidade de todo o tempo do poeta, a interpenetração de seus acontecimentos com as Ideias da religião, da ciência e da poesia no espírito mais eminente daquele século. Não é nosso propósito captá-lo em sua referência imediata ao tempo, mas, pelo contrário, em sua validade universal e exemplaridade para toda a poesia moderna.

A lei necessária da poesia moderna, até o ponto, situado a distância ainda indeterminada, em que entrará em cena como totalidade acabada a grande epopeia do tempo moderno, que até agora se anuncia apenas rapsodicamente e em fenômenos isolados, é: que o indivíduo forme em um todo a parte do mundo a ele revelada e, da matéria de seu tempo, de sua história e de sua ciência, crie para si sua mitologia. Pois, assim como o mundo antigo era, universalmente, o mundo dos gêneros, o mundo moderno é o dos indivíduos: ali o universal é verdadeiramente o particular, a espécie atua como indivíduo; aqui, ao inverso, o ponto de partida é a particularidade, que deve tornar-se universalidade. Por isso mesmo, naquele, tudo é duradouro, imperecível: o número não tem, por assim dizer, nenhum poder, uma vez que o conceito universal e o do indivíduo coincidem em um; neste, variação e mudança são lei permanente, não é um círculo fechado, mas somente um círculo a ser ampliado ao infinito pela individualidade, que abrange suas determinações, e, porque a universalidade pertence à essência da poesia, a exigência necessária é esta: que o indivíduo, através da máxima singularidade, volte a tornar-se universalmente válido – através da perfeita particularidade, absoluto. Justamente pelo que há de puramente individual, comparável a nada de outro, em seu poema, Dante é o criador da arte moderna, que, sem essa necessidade arbitrária e esse arbítrio necessário, não poderia ser pensada.

Desde o começo primeiro da poesia grega, nós a vemos, em Homero, puramente separada da ciência e filosofia, e vemos esse processo de separação continuar até a consumada oposição entre poetas e filósofos, os quais, pelas explicações alegóricas dos poemas homéricos, buscaram em vão criar artificialmente uma harmonia. No tempo moderno, a ciência tomou a dianteira da poesia e da mitologia, que não pode ser mitologia sem ser universal e atrair para dentro de seu círculo todos os elementos da cultura existente, a ciência, a religião, a arte mesmo, e ligar em uma unidade consumada não só a matéria do tempo presente, mas também a do passado. Nesse conflito, em que a arte exige o fechado, delimitado, e o espírito do mundo tende ao encontro do ilimitado e com imutável firmeza derruba todo limite, é preciso que intervenha o indivíduo, separe com absoluta liberdade, procure ganhar a mistura das figuras que duram o tempo e, no interior das formas traçadas por seu arbítrio, dê novamente ao produto de sua poesia, através da absoluta singularidade, a necessidade interna e a validade universal, externamente.

Foi o que fez Dante. Tinha diante de si a matéria da história do presente, assim como do passado. Não podia elaborá-la em uma pura epopeia, em parte por sua natureza, em parte porque com isso teria novamente excluído outros lados da cultura de seu tempo. À totalidade desta pertenciam também a astronomia, a teologia e a filosofia do tempo. Ele não podia expô-las em um poema didático, pois com isso voltaria a limitar-se, e seu poema, para ser universal, tinha de ser, ao mesmo tempo, histórico. Precisava de uma invenção, totalmente arbitrária, partindo do indivíduo, para ligar essa matéria e formá-la organicamente em um todo unitário. Expor as ideias da filosofia e teologia em símbolos era impossível, pois não existia uma mitologia simbólica. Mas tampouco podia ele fazer seu poema inteiramente alegórico, pois nesse caso, mais uma vez, não poderia ser histórico. Tinha de ser, portanto, uma mistura muito específica do alegórico e do histórico. Na poesia exemplar dos antigos não era possível uma saída dessa espécie: somente o indivíduo poderia lançar mão dela, somente a invenção absolutamente livre poderia ir a seu encalço.

O poema de Dante não é alegórico no sentido de suas figuras apenas significarem algo outro, sem serem, independentemente da significação e em si mesmas. Por outro lado, nenhuma delas é independente da significação de tal maneira que fosse ao mesmo tempo a própria ideia e mais que alegoria dela. Portanto, há em seu poema um meio-termo muito específico entre a alegoria e a configuração simbólico-objetiva. Não há dúvida, e o poeta mesmo o explicou em outra parte, de que Beatriz, por exemplo, é uma alegoria – ou seja, da teologia. Do mesmo modo suas companheiras, do mesmo modo muitas outras figuras. Mas, ao mesmo tempo, elas contam por si mesmas e aparecem como personagens históricas, sem por isso serem símbolos.

Dante, sob esse aspecto, é exemplar, pois enunciou o que o poeta moderno tem a fazer para inscrever o todo da história e da cultura de seu tempo, a única matéria mitológica que tem diante de si, em um todo poético. Ele tem de ligar com absoluto arbítrio o alegórico e o histórico, tem de ser alegórico, e o é mesmo contra sua vontade, porque não pode ser simbólico, e histórico, porque deve ser poético. A invenção que ele faz sob esse aspecto é sempre única, um mundo por si, pertinente inteiramente à pessoa.

O único poema alemão de vocação universal conjuga de maneira semelhante os extremos da tendência do tempo através da invenção inteiramente própria de uma mitologia parcial, a figura de Fausto, se bem que possa ser chamado comédia em um sentido muito mais aristofânico, e divino em outro sentido muito mais poético que o poema de Dante.

A energia com que o indivíduo dá forma à mistura particular da matéria existente no tempo e em sua vida determina a medida que ele adquire força mitológica. As personagens de Dante, já pelos lugares em que são postas e que são eternos, adquirem uma espécie de eternidade; mas não só o efetivo, que ele empresta de seu tempo, como a história de Ugolino, entre outras, mas também aquilo que ele inventa inteiramente, como o fim de Ulisses e de seus companheiros, têm no contexto de seu poema uma certeza verdadeiramente mitológica.

Só poderia ter um interesse muito subordinado expor em si mesmas e por si mesmas a filosofia, física e astronomia de Dante, uma vez que sua verdadeira singularidade está apenas no modo de sua fusão com a poesia. O sistema ptolomaico, que em certa medida é o fundamento de seu edifício poético, tem em si mesmo já um colorido mitológico; mas, se sua filosofia pode ser comumente caracterizada como aristotélica, com isso não deve ser entendida como a puramente peripatética, mas como a sua ligação, própria daquele tempo, com as ideias da platônica, como se pode demonstrar através de muitas passagens de seu poema.

Não queremos demorar-nos na consideração da força e solidez de certas passagens, da simplicidade e infinita ingenuidade de certas imagens, nas quais ele enuncia suas ideias filosóficas, como o conhecido trecho sobre a alma, que sai das mãos de Deus como uma garotinha, que chora e ri infantilmente, uma almazinha simplória, que nada sabe, a não ser que, movida pelo sereno Criador, gosta de voltar-se para ele e com isso se delicia: falamos somente da forma simbólica universal do todo, em cuja absolutez, mais que em qualquer outra coisa, se reconhece a validade universal e a eternidade desse poema.

Mesmo quando a ligação da filosofia e da poesia é captada apenas em sua síntese subordinada, como poema didático, é necessário, porque o poema não deve ter fim exterior, que a intenção (de ensinar) seja nele mesmo suprimida de novo e transmudada em uma absolutez, de tal modo que ele pareça ser em função de si mesmo. Isto, porém, poético. O poema de Dante é uma interpenetração muito mais alta da ciência e da poesia e, por isso mesmo, ainda mais adequada tem de ser sua forma, mesmo na mais livre autonomia, ao tipo universal da intuição do mundo.

A divisão do universo e ordenação da matéria segundo os três reinos, o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, é, mesmo independentemente da significação particular desses conceitos no cristianismo, uma forma simbólica universal, de tal modo que não se vê por que nessa mesma forma toda época que se assinale não poderia ter a sua divina comédia. Assim como para o drama moderno a forma dos cinco atos é aceita como a usual, porque todo acontecimento pode ser considerado em seu começo, continuação, sua culminação, encaminhamento ao fim e fim efetivo, assim também aquela tricotomia de Dante é pensável como a mais alta poesia profética, que um tempo inteiro enunciasse, como forma universal cujo preenchimento pudesse ser infinitamente diverso, assim como ela poderia sempre de novo ser revivida pela potência da invenção original. Não só como forma exterior, porém, mas como expressão simbólica do tipo interior de toda ciência e poesia, aquela forma é eterna e apta a abranger em si os três grandes objetos da ciência e da cultura – natureza, história e arte. A natureza é, como nascimento de todas as coisas, a noite eterna e, como aquela unidade pela qual estas são em si mesmas, o afélio do universo, o lugar do distanciamento de Deus como verdadeiro centro. A vida e a história, cuja natureza é o progresso gradativo, é apenas explicitação, passagem a um estado absoluto. Este último só está presente na arte, que antecipa a eternidade, o paraíso da vida, e está verdadeiramente no centro.

O poema de Dante, portanto, considerado por todos os lados, não é uma obra isolada de uma época particular, de um estágio particular da cultura, mas é exemplar, pela validade universal, que unifica com a mais absoluta individualidade, pela universalidade, em virtude da qual não exclui nenhum lado da vida e da cultura, pela forma, enfim, que não é tipo particular, mas tipo geral da consideração do universo.

A particular ordenação interna do poema não pode, por certo, ter essa validade universal, uma vez que é formada segundo conceitos do tempo e propósitos particulares do poeta; em contrapartida, o tipo interior universal, como não se poderia esperar que fosse diferente em tal obra tão cheia de arte e totalmente intencional, é também simbolizado exteriormente por figura, cor e tom das três grandes partes do poema.

Dado o caráter incomum de sua matéria, Dante precisava, para a forma de suas invenções no particular, uma espécie de autenticação, a qual só lhe poderia ser dada pela ciência do tempo, que é para ele como que a mitologia e o fundamento universal que sustenta a audaciosa construção de suas invenções. Mas até no particular ele permanece inteiramente fiel ao propósito de ser alegórico sem deixar de ser histórico e poético. Inferno, Purgatório e Paraíso são como que apenas o sistema da teologia in concreto e arquitetonicamente executado. As medidas, números e proporções, que ele observa no interior deles, eram prescritos por essa ciência, e aqui ele se entregava deliberadamente à liberdade da invenção, para dar a seu poema, ilimitado em sua matéria, necessidade e delimitação pela forma. A universal santidade e significação dos números é outra forma exterior em que se fundamenta sua poesia. Assim, de modo geral, toda a erudição lógica e silogística daquele tempo é para ele apenas forma, que tem de ser-lhe concedida, para alcançar aquela região em que se encontra sua poesia.
Contudo, nessa adesão a representações religiosas e científicas como o mais universalmente válido que lhe oferecia seu tempo, Dante não busca nunca uma espécie de verossimilhança poética comum, mas, pelo contrário, justamente com isso suprime todo propósito de adular os sentidos grosseiros. Sua primeira entrada no Inferno ocorre, como tinha de ocorrer, sem nenhuma tentativa apoética de motivá-la ou torná-la concebível, em um estado semelhante ao de uma visão, sem que no entanto houvesse o propósito de fazê-la passar por uma visão. Sua elevação através dos olhos de Beatriz, através dos quais a força divina como que se comunica a ele, ele a exprime em uma única linha, mesmo o maravilhoso de seus próprios encontros ele transforma imediatamente em um símile de mistérios da religião e os autentica pelo Mistério ainda mais alto, como quando faz de sua acolhida na Lua, que se compara à da luz na água indivisa, uma imagem da humanização de Deus.
Expor a plenitude da arte, a profundeza da intencional idade que vai até ao pormenor, na construção interna das três partes do mundo, seria uma ciência própria, como pouco tempo depois da morte do poeta sua nação o reconheceu, ao instituir uma cátedra própria para o estudo de Dante, que Boccaccio foi o primeiro a ocupar.

Mas não só as invenções particulares de cada uma das três partes do poema deixam transparecer o universalmente significativo da primeira forma; ainda mais determinadamente exprime-se sua lei no ritmo interno e espiritual pelo qual são opostas uma à outra. O Inferno, como é o mais terrível em seus objetos, é também o mais vigoroso na expressão, o mais rigoroso na dicção, escuro e atroz também nas palavras. Em uma parte do Purgatório repousa uma profunda quietude, em que emudecem os lamentos de dor do mundo inferior; em suas elevações, as antecâmaras do céu, tudo se torna cor; o Paraíso é uma verdadeira música das esferas.

A multiplicidade e variedade dos castigos no Inferno foram criadas com uma inventividade quase sem exemplo. Entre o crime e o tormento nunca há outra conexão, a não ser poética. O espírito de Dante não se assusta ante o pavoroso: ele chega a ir até seu limite extremo. Mas é possível mostrar, em cada caso particular, que ele nunca deixa de ser sublime e, portanto, verdadeiramente belo; pois aquilo que certos homens, que não estão em condição de captar o todo, assinalaram, em parte, como vil, não o é em seu sentido, mas sim elemento necessário do caráter misto do poema, em virtude do qual Dante mesmo o denominou comédia. O ódio ao ruim, a cólera de uma mente divina, que se exprime na pavorosa composição de Dante, não são herança para almas comuns. Por certo é ainda muito duvidoso o que foi comum ente admitido – que somente o banimento de Florença, depois de ele ter, até então, consagrado a parte principal de sua poesia apenas ao amor, havia incitado seu espírito, inclinado ao sério e ao extraordinário, à sua mais alta invenção, em que exalou a totalidade de sua vida, dos destinos de seu coração e de sua pátria, ao mesmo tempo em que sua amargura. Mas a vingança que ele exerce no Inferno, ele a exerce como em nome do Juízo Universal, na qualidade de juiz criminal por missão, com força profética, não por ódio pessoal, mas com a alma devota revoltada pelas atrocidades do tempo e com um amor da pátria há muito não mais reconhecido, tal como ele próprio se apresenta, em uma passagem do Paraíso, em que diz: “Se um dia acontecer que o poema sagrado, no qual puseram mão o céu assim como a terra, e que me fez pálido ao longo de muitos anos, vencer a atrocidade do tempo, que me exclui do belo aprisco em que eu, um cordeirinho, dormia, inimigo dos lobos que o saqueiam: com outra voz então, e outro velo, retomarei, e no lugar de meu batismo receberei a coroa de louros”. O pavor do tormento dos danados, ele o modera através de sua própria sensibilidade, que ainda quase no alvo de tanta lástima inebria-lhe os olhos a tal ponto que ele tem vontade de chorar, e Virgílio lhe diz: – Mas por que te perturbas?

Já foi observado que a maioria dos castigos do Inferno são simbólicos para o crime que é castigado por eles, mas vários o são ainda em um aspecto muito mais universal.

Dessa espécie é, em particular, a exposição de uma metamorfose em que duas naturezas, ao mesmo tempo, se transformam uma na outra e uma através da outra e, por assim dizer, trocam de matéria. Nenhuma das metamorfoses da antiguidade pode-se medir com esta em inventividade, e um naturalista ou poeta didático que fosse capaz de delinear com tal força símbolos da eterna metamorfose da natureza poderia considerar-se feliz.

O Inferno não é diferente das outras partes somente segundo a forma exterior da exposição, como já foi observado, mas também por ser, privilegiadamente, o reino das figuras e, portanto, a parte plástica do poema. O Purgatório nós temos de reconhecer como o pitoresco. Não só as penitências que aqui são impostas aos pecadores são, em boa parte, tratadas de maneira inteiramente pictórica, até à jovialidade, mas, em particular, a peregrinação por sobre as colinas sagradas das paragens da penitência oferece uma alternância brusca de visões e cenas passageiras e múltiplos efeitos de luz, até que, em seus últimos limites, depois que o poeta chegou ao Letes, abre-se a máxima pompa da pintura e da cor, nas descrições dos divinos e antiquíssimos bosques dessa região, da celestial claridade das águas, que são cobertas por suas eternas sombras, da jovem que ele encontrou em suas margens, e da chegada de Beatriz em uma nuvem de flores, sob um véu branco, coroada de ramos de oliveira, envolta em um manto verde e vestida em púrpura de vivas flamas.

O poeta, atravessando o próprio coração da terra, conseguiu chegar até à luz: na escuridão do mundo inferior só podia distinguir a figura, no Purgatório acende-se para ele a luz, ainda como que com a matéria terrestre, e torna-se cor. No Paraíso só resta a pura música da luz, o reflexo cessa, e o poeta eleva-se gradualmente à intuição da incolor, pura substância da divindade.

A visão do sistema do mundo, da qualidade dos astros e da medida de seu movimento, ao tempo do poeta revestida de dignidade mitológica, é o fundamento sobre o qual se apoiam suas invenções nessa parte do poema; e se, nessa esfera da absolutez, ele entretanto deixa lugar para graus e distinções, suprime-os de novo pela esplêndida palavra que faz pronunciar uma das almas irmãs, com que se encontra na Lua: que todo onde, no céu, é Paraíso.

É consequência do plano geral do poema que, justamente durante a elevação através do Paraíso, sejam discutidas as proposições mais altas da teologia. A alta veneração para com essa ciência é prefigurada pelo amor a Beatriz. É necessário que, à proporção que a intuição se dissolve no puro universal, a poesia se torne música, a figuração desapareça e que, a esse respeito, o Inferno apareça como a parte mais poética. Só que aqui nada deve ser tomado à parte, e a excelência específica de cada uma das partes só é assegurada e verdadeiramente cognoscível pela concordância com o todo. Se a proporção das três partes é captada no todo, reconhece-se como necessário que o Paraíso seja o puramente musical e lírico, mesmo no propósito do poeta, que exprime a este, também nas formas exteriores, pelo uso mais frequente das palavras latinas dos hinos litúrgicos.

A admirável grandeza do poema, que refulge na interpenetração de todos os elementos da poesia e da arte, chega inteiramente, desse modo, à aparição exterior. Essa obra divina não é plástica, nem pitoresca, nem musical, mas tudo isso ao mesmo tempo e em concordante harmonia: não é dramática, nem épica, nem lírica, mas também destes gêneros uma mistura inteiramente própria, única, sem exemplo.

Acredito ter mostrado, ao mesmo tempo, que ele é profético, exemplar, para toda a poesia moderna. Capta em si todas as suas determinações e sobressai-se à sua matéria, ainda multiplamente misturada, como a primeira planta que se espraia sobre a terra e para o céu, o primeiro fruto da transfiguração. Aqueles que querem conhecer a poesia do tempo mais tardio, não segundo conceitos superficiais, mas em sua fonte, que frequentem este grande e rigoroso espírito, para saber por que meios a totalidade do tempo moderno é abrangida – e que não é tão fácil de atar o elo que a unifique. Aqueles que não estão destinados a isso, que desde já apliquem a si mesmos as palavras do início da primeira parte:
Deixai partir toda esperança, ó vós que entrais!

Viaduto Otávio Rocha (Porto Alegre)

 

Viaduto Otávio Rocha, tela em aquarela de Yassmine Uequed Pitol

O Viaduto Otávio Rocha é uma das construções mais representativas do centro de Porto Alegre. É impossível passear pela Avenida Borges de Medeiros sem avistá-lo no horizonte, dividindo ao meio duas grandes fileiras de prédios. Ao fazê-lo, é difícil sentir-se indiferente: o conjunto de pórticos imponentes, parapeitos bem trabalhados e longas escadarias que sobem pela avenida se encontram na altura da rua Duque de Caxias dão a imagem de ser um grande projeto. E, de fato, o viaduto Otávio Rocha foi um imenso projeto – um símbolo da Porto Alegre que se queria capital e metrópole.

O projeto de realizar uma ligação entre as ruas do centro e a zona sul da cidade existia desde o começo do século XX. Até então, a região central era separada das áreas sul e leste por um morro, que se erguia na altura do que viria a ser a avenida Borges de Medeiros e obrigava os transeuntes a fazer um largo desvio, caso quisessem dirigir-se a aquelas áreas da cidade .

O crescente fluxo de pessoas tornou essa ligação uma necessidade incontornável, que se materializou pela primeira vez no Plano Diretor de Porto Alegre de 1914. Sucessivos projetos foram apresentados até que, em 1921, o então prefeito, José Montaury, determinou finalmente o plano de alargamento das ruas das proximidades da rua Duque de Caxias a fim facilitar a ida para o sul da cidade.

Inauguração do Viaduto Otávio Rocha, tela em técnica mista de Yassmine Uequed Pitol

O processo de demolição das ruas iniciou-se em 1926. Após diversos rebaixamentos de terreno, decidiu-se que o ideal seria a construção de um grande viaduto. Uma concorrência pública pôs a Companhia Construtora Dyckerhoff & Widmann a cargo da construção. O projeto inspirou-se em viadutos semelhantes de cidades europeias, como Bremen, Milão e Hamburgo. Em 1932, a obra foi entregue à população e, no dia 1 de outubro daquele ano, o bonde cruzou a rua Duque de Caxias, por cima do viaduto, pela primeira vez.

Os anos se passaram e o viaduto ganhou o coração dos portoalegrenses. Nem sempre, contudo, recebeu o cuidado do poder público que merece. Hoje, o viaduto encontra-se em processo de restauração.

Exposição de Bob Dylan em Paris

Bob Dylan - Artes Plásticas

Exposição de Bob Dylan. Foto: Clement Mahoudeadu (AFP)

 

O Chateau La Coste Art Center, propriedade vinícola no sul da França, já abrigou obras de Marc Chagall, Henri Matisse, Claude Monet e outros gigantes das artes francesas. Desde o dia 9 de maio, contudo, abriga trabalhos de um rockstar: Bob Dylan.

A exposição, intitulada Drawn Blank in Provence, consiste em 24 pinturas, elaboradas ao longo de turnês do cantor entre 1989 e 1991 na Europa.

Abaixo, um vídeo mostrando a coleção

 

 

Ucrânia, nazistas e o Batalhão Azov: o campo de treino militar para a extrema-direita mundial*

*Indicamos abaixo a leitura da reportagem do jornal português “Público”, de junho de 2020, relatando a presença de nazistas / neonazistas no exército ucraniano.

O link da matéria original é este.

O “Público”, vale ressaltar, é um jornal de linha pró-atlantista, simpatizante da OTAN e pró-União Europeia. 

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Ucrânia, o campo de treino militar para a extrema-direita mundial

A Ucrânia tornou-se para a extrema-direita o que a Síria foi para o Daesh. Militantes recebem treino, melhoram tácticas e técnicas e estabelecem redes internacionais, e depois regressam aos seus países. Milhares de estrangeiros combateram em milícias contra os separatistas pró-russos no Leste do país.

A Ucrânia é hoje um dos principais pólos de atracção para a extrema-direita internacional e quase quatro mil estrangeiros de mais 35 países já receberam treino e combateram nas fileiras de milícias na Guerra Civil Ucraniana. Uma delas, o Regimento Azov, transformou-se num alargado movimento, criou um Estado dentro do Estado ucraniano, estendeu tentáculos por toda a Europa e quer criar uma Legião Estrangeira ucraniana.

“Olho para a Ucrânia como o local onde a extrema-direita pode adquirir treino, capacidades militares e partilhar ideias. É, de muitas formas, para a extrema-direita o que o Daesh conseguiu na Síria”, disse ao PÚBLICO Jason Blazakis, investigador associado no Soufan Center e director do Centro sobre Terrorismo, Extremismo e Contraterrorismo, na Califórnia, Estados Unidos. “A Ucrânia é a porta das traseiras para a União Europeia no que à extrema-direita diz respeito, e a ameaça é muito grande. Os indivíduos recebem treino nos campos de batalha ucranianos e depois regressam aos seus países de origem”.

Uma situação que o relatório White Supremacy Extremism: The Transnational Rise of the Violent White Supremacist Movement, do Soufan Center e publicado em Setembro de 2019, classifica como preocupante. “Tal como os jihadistas usaram conflitos no Afeganistão, Tchetchénia, Balcãs, Iraque e Síria para melhorarem as tácticas, técnicas e procedimentos e solidificarem as suas redes internacionais, também os extremistas de direita estão a usar a Ucrânia como laboratório de campo de batalha”, lê-se no documento.

O terrorista responsável pelo massacre em duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, em Março de 2019, estava bem integrado na extrema-direita mundial e o colete balístico que envergou no atentado tinha o símbolo do sol negro, popularizado pelo Regimento Azov. No manifesto, intitulado A Grande Substituição, que escreveu para justificar o massacre, o terrorista disse ter visitado a Ucrânia. Não tardaram a surgir suspeitas de que terá estado com o Azov pouco depois de ter sido criado, em 2014, apesar de a milícia ter negado ter tido qualquer contacto com ele.

Meses depois do massacre que matou 50 muçulmanos, o manifesto foi traduzido para ucraniano por militantes neonazis de uma organização com ligações ao Azov, a Wotanjugend, noticiou o site de investigação Bellingcat. Milhares de cópias foram impressas e houve milicianos, cuja filiação se desconhece, que posaram para fotografias com exemplares nas mãos.

PÚBLICO -

Foto: Jason Blazakis: “A Ucrânia é a porta das traseiras para a União Europeia no que à extrema-direita diz respeito, e a ameaça é muito grande” PIERRE CROM/GETTY IMAGES

O massacre de Christchurch chamou a atenção para os riscos que a extrema-direita na Ucrânia representa para a Europa e EUA, seja por causa de possíveis atentados terroristas cometidos por pequenas células ou “lobos solitários” ou por, ao regressarem aos seus países, criarem ou fortalecerem as suas organizações de origem – as organizações terroristas neonazis The Base e Attomwaffen Division queriam e já têm ligações estabelecidas com o Azov, respectivamente, para receber treino. No Ocidente, o terrorismo de extrema-direita é hoje mais significativo do que o jihadista.

A realidade é ainda mais preocupante se se tiver em conta o número de combatentes estrangeiros identificados no mesmo relatório que já lutaram na guerra que opõe o Estado ucraniano aos separatistas pró-russos: um total de 17.241. Destes, 3879 estrangeiros, dos quais 879 de 36 países — Suécia, Estados Unidos, Israel, Itália, Dinamarca, Alemanha, França e até Portugal — estiveram nas fileiras de milícias que combatem do lado ucraniano. A maior fatia (3000) provém da Rússia, uma vez que o movimento neonazi russo se dividiu entre apoiar ou combater o que dizem ser o imperialismo da Rússia.

PÚBLICO -

Foto: Voluntário da milícia Azov durante um acção de treino em Urzuf, arredores de Mariupol, em 2015 MARKO DJURICA/REUTERS

E, no que a Portugal diz respeito, pelo menos um português combateu num dos batalhões do Corpo de Voluntários Ucranianos, da organização de extrema-direita Sector Direito. “Há dois anos [2018], descobri um cidadão português que participou em combates, por dois a três meses, nas fileiras do Corpo de Voluntários Ucranianos”, disse ao PÚBLICO o investigador que recolheu os dados do relatório, sem conseguir, no entanto, dar mais pormenores sobre a sua identidade.
Porém, a grande maioria de combatentes europeus de extrema-direita juntou-se aos separatistas pró-russos contra os militares e milicianos ucranianos (13.372, dos quais 1372 russos).

A estimativa de combatentes que já passaram pelas milícias ucranianas foi feita através de fontes abertas, ou seja, fotografias e comentários em fóruns e redes sociais, não se descartando a possibilidade de os números serem bem maiores, como ressalva o documento. Mas como se chegou a esta situação?

A extrema-direita ucraniana já tinha saído das margens da política quando a Revolução EuroMaidan, contra o Presidente ucraniano Viktor Ianukovich, tomou as ruas de Kiev em 2013. Ianukovich, aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, foi deposto e, pouco depois, em Março de 2014, Moscovo anexou a Crimeia e apoiou os separatistas de Donetsk e Lugansk, dando início a uma guerra que ainda hoje se arrasta e que já causou mais de 13 mil mortos, entre os quais muitos civis, e milhares de deslocados.

Com o Exército ucraniano sem capacidade para combater os separatistas, o então recém-eleito Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, apelou a voluntários que pegassem em armas contra a ameaça russa. Assim o fizeram, e em massa: foram formados entre 30 e 40 batalhões de voluntários para combater os separatistas.

Um dos homens por trás deste esforço foi o oligarca Ilhor Kolomoiski, um dos dois homens mais ricos da Ucrânia e a sombra do Governo de Poroshenko e, agora, do de Zelenskii. Em 2014, rompeu com a discrição que o caracterizava e saiu em defesa da Ucrânia, dando entrevistas e financiando vários batalhões, entre os quais o Azov, o Dnipro 2, o Shakhtarsk e o Poltava. E, em Abril do mesmo ano, prometeu uma recompensa de dez mil dólares (nove mil euros) a quem capturasse um mercenário russo.

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Foto Ilhor Kolomoiski VALENTYN OGIRENKO/REUTERS

Com o arrastar da guerra, Kolomoiski passou a usar os paramilitares que financia quase como exército privado, para obter dividendos políticos, entrando em choque com o actual Presidente ucraniano. “Os empresários precisam destes grupos como apoio físico, por ser muito mais fácil controlarem as suas estruturas empresariais. Os grupos de extrema-direita são parte deste mercado a favor dos grandes empresários”, disse ao PÚBLICO Viacheslav Likhachev, politólogo ucraniano especialista na extrema-direita do país.

Uma das pessoas que responderam ao apelo de Poroshenko e recebeu dinheiro do oligarca Kolomoiski foi Andrii Biletski, líder do antigo partido neonazi Patriotas da Ucrânia, com a criação do então Batalhão Azov a 5 de Maio de 2014 — transformou-se depois em regimento e está em vias de se tornar divisão, apesar de ainda não ter militares suficientes (10 mil). A proeminência de Bilitski foi tanta que chegou a ser deputado entre 2014 e 2019, primeiro como independente e depois pelo braço político do Azov, o Corpo Nacional.

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Foto Andriy Biletsky, ex-deputado e líder do partido de extrema-direita Corpo Nacional durante uma manifestação em Kiev contra a corrupção, em Março 2019 SERGEI CHUZAVKOV/SOPA IMAGES/LIGHTROCKET VIA GETTY IMAGES

Os milicianos, com pouco treino, foram para as linhas da frente e as baixas tornaram-se incomportáveis, ao enfrentarem separatistas bem treinados e apoiados por Moscovo. A unidade paramilitar foi então integrada por Poroshenko na Guarda Nacional ucraniana a 12 de Novembro de 2014, no que foi visto como tentativa de a manter sob controlo e meio para lhe fornecer armamento militar topo de gama, fornecido pelos Estados Unidos (em 2018, o Congresso aprovou uma lei a proibir que material militar chegasse ao Azov, sem se saber como é aplicada na prática), União Europeia (não-letal, como coletes balísticos) e Canadá. Até Israel permitiu a produção da sua arma padrão, a Tavor-21, em fábricas ucranianas, acabando por chegar às mãos dos neonazis — o Azov tinha no seu site, na parte dos apoios, o logótipo da empresa israelita que detém a patente da espingarda de assalto.

Hoje, o Azov dispõe de artilharia, blindados e infantaria, e até de campos de treino. O principal está localizado em Mariupol, no Sul da Ucrânia, na costa do mar de Azov, e lá são treinados os combatentes estrangeiros que respondem ao apelo para pegarem em armas em seu nome — a milícia fê-lo pouco depois de ser criada. Em 2015, os estrangeiros tinham um responsável que os seleccionava: Gaston Besson, mercenário francês que combateu no Camboja, Laos, Birmânia, Suriname e Croácia. Disse, na altura, que recebia centenas de contactos todos os dias.

PÚBLICO -

Foto: O mercenário francês Gaston Besson

O regimento evoluiu de simples unidade paramilitar para movimento em larga escala, ganhando espaço e legitimando-se junto da sociedade, por os seus combatentes serem apresentados como heróis que enfrentam o expansionismo russo. O Azov é uma grande organização de extrema-direita que se descreve como Movimento Azov e responde a um único líder: Andrii Biletski. O movimento inclui várias organizações: o Regimento Azov, o partido Corpo Nacional, o movimento de rua Milícia Nacional, a Irmandade dos Veteranos, etc.. E tem outras na sua órbita de influências, muitas das quais neonazis, como a WotanJugend.

Os paramilitares têm uma forte presença nas redes sociais, várias revistas e uma rádio e, sempre que um camarada de armas é morto em combate, organizam cerimónias com tochas e parada militar.

Infiltração no aparelho de Estado

O Movimento Azov infiltrou-se no Estado ucraniano e é hoje indissociável dele. Recebe milhares de euros em financiamento para programas de incentivo ao patriotismo direccionado à juventude (crianças com nove anos recebem treino militar, por exemplo), apoio político e militar. E essa infiltração é mesmo reconhecida pela secretária do Departamento Internacional do Corpo Nacional, Olena Semeniaka. “Em apenas quatro anos, o Movimento Azov tornou-se um pequeno Estado dentro do Estado”, escreveu a dirigente no Facebook a 29 de Outubro de 2018.

O ministro do Interior de Poroshenko e do actual Presidente é acusado de ser um dos responsáveis pela crescente influência neonazi no aparelho de Estado ucraniano. Arsen Avakov tem beneficiado da unidade paramilitar para defender os seus interesses — apresenta-se como indispensável para a controlar e fez recentemente uma aliança com o multimilionário Ilhor Kolomoisky, que tem tido fricções com Zelenskii — e sai em defesa dos milicianos sempre que são alvo de críticas pelo seu cariz neonazi. Zelenskii também o faz, ainda que mais timidamente, e chegou até a condecorar os paramilitares do Azov por actos de bravura na linha da frente, ao mesmo tempo que se reúne com as suas altas patentes.

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Foto Activistas do partido Corpo Nacional durante uma manifestação a que chamaram “Marcha dos Esquadrões Nacional”, em Março de 2019 PAVLO CONCHAR/SOPA IMAGES/LIGHTROCKET VIA GETTY IMAGES

 O Azov tem neste momento tanto poder que chega a rejeitar as ordens do chefe de Estado quando não concorda com elas, no que já é visto por analistas como uma ameaça ao próprio Estado ucraniano. No final de Outubro, o comandante supremo das Forças Armadas ordenou o recuo das tropas ucranianas de Zolote e de duas outras cidades para aumentar a distância entre as linhas da frente — eram de 30 metros, distância de arremesso de uma granada de mão — e evitar as constantes escaramuças e violações de cessar-fogo. O líder do Azov não gostou e ameaçou enviar dez mil voluntários para Zolote, para “defender as posições conquistadas com sangue”.

Publicamente desafiado, Zelenskii foi à linha da frente para convencer os milicianos, mas acabou por os acusar de o considerarem um “tolo” e de lhe estarem a fazer um “ultimato”. Os milicianos mantiveram-se firmes e acabaram por ser desarmados por militares ucranianos e retirados da linha da frente, com a imprensa ucraniana a referir que se temia que a explosiva situação levasse ao derramamento de sangue.

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Foto Olena Semeniaka:

“Em apenas quatro anos, o Movimento Azov tornou-se um pequeno Estado dentro do Estado”Avakov teve um papel fundamental no desarmar da crise e, dentro do Governo, conquistou pontos, mostrando mais uma vez ser indispensável para a ordem interna. O seu poder depende daquilo a que a imprensa ucraniana diz ser um jogo duplo: apoiar as forças de segurança e militares e, ao mesmo tempo, os milicianos.

A 28 de Outubro de 2019, Avakov visitou o campo de treino da unidade em Mariopol para lhe mostrar apoio público e, dias antes, deixou claro que “a força especial Azov é uma unidade legal da Guarda Nacional ucraniana e os seus militares têm sido exemplares nas tarefas de combate desempenhadas na defesa da pátria”. “A campanha de informação sobre a alegada propagação de ideologia nazi entre os militares é uma tentativa deliberada para descredibilizar a unidade, principalmente entre os parceiros internacionais da Ucrânia, e provocar uma crise na relação com os nossos aliados”, continuou o ministro. Ao nível da comunicação visual, o Regimento Azov tem demonstrado recentemente um cuidado particular para não ser conotado politicamente.

Azov estende tentáculos à Europa

A anexação da Crimeia e o apoio ao separatismo no Leste da Ucrânia dividiu a extrema-direita europeia a favor de Moscovo. A maior parte dos grupos viu nas acções militares de Putin, promovidas por um dos seus mais próximos conselheiros e ideólogo de extrema-direita, Aleksandr Dugin, uma oposição ao atlanticismo ocidental, isto é, aos Estados Unidos, à NATO e à União Europeia. A francesa União Nacional e a italiana Liga continuaram a apoiar a Rússia – por seu lado, o Chega já assumiu no Parlamento a defesa da Ucrânia com um voto de condenação da agressão russa, e foi por isso elogiado pelo Movimento Azov.

Com a frente de batalha a ser-lhe desfavorável, a extrema-direita ucraniana viu-se isolada no palco internacional e o Azov não perdeu tempo a tentar inverter a situação, conseguindo-o com relativo sucesso. Em 2013, três militantes ucranianos de extrema-direita criaram a Misanthropic Division (MD), uma rede internacional neonazi, com o objectivo de estabelecer um Estado etnonacionalista no país da Europa de Leste. No entanto, a partir de 2015, por causa da guerra com a Rússia, a rede passou a promover a causa ucraniana e a recrutar combatentes internacionais para as fileiras do Azov — a MD ainda hoje se mantém activa, principalmente na Ucrânia.

PÚBLICO -

Foto Membros da Misanthropic Division

 Por outro lado, o braço político do Azov, o Corpo Nacional (antes Corpo Cívico), montou uma campanha internacional de sensibilização sobre a ameaça russa e uma rede internacional cuja responsabilidade coube a Olena Semeniaka, seguidora de Dugin até à anexação da Crimeia e que viaja recorrentemente pela Europa participando em conferências — esteve em Portugal em 2018 a convite do Escudo Identitário, organização neofascista portuguesa inspirada no italiano CasaPound.

As acções de propaganda e o estreitar de ligações protagonizados por Semeniaka começaram na Europa Central e de Leste e, depois, foram alargados a países europeus mais distantes: Itália, Portugal, Noruega, Suécia e Reino Unido.

E, ao mesmo tempo, organizou eventos políticos na capital ucraniana: as conferências PanEuropa, em 2017 e 2018 em Kiev, e o projecto político Intermarium Support Group, um grupo de apoio fundado em 2016 por Biletskii que se baseia num conceito geopolítico alternativo ao atlanticismo e cujas raízes históricas vêm do pensamento do polaco Jósef Pilsudski, do período entre guerras mundiais. O conceito, apropriado pela extrema-direita, defende uma estratégia de segurança focada no “etnofuturismo” e visa integrar países do Báltico ao mar Negro numa aliança regional — foi a resposta do Azov ao sentimento de abandono da Ucrânia pelo Ocidente.

PÚBLICO -

Foto Voluntários da Batalhão Azov numa manifestação em Kiev VLADIK MUSIENKO/NURPHOTO VIA GETTY IMAGES

 O Azov convida para estas palestras teóricos da extrema-direita, entre os quais o norte-americano Greg Johnson (deportado da Noruega em Novembro de 2019, por elogiar o terrorista Anders Breivik, falhando um voo para Portugal, onde vinha assistir a uma conferência no Iscte-IUL sobre imigração e extrema-direita) e líderes políticos, focando-se, no caso do Intermarium, nos países que fariam parte da desejada aliança.

Esses contactos internacionais têm também como objectivo a formação de uma Legião Estrangeira Ucraniana. “Os voluntários estrangeiros começaram a juntar-se ao Batalhão Azov em 2014-2015. Assim, quando o Partido Corpo Nacional foi fundado, a orientação política sobre a criação de uma Legião Estrangeira Ucraniana – o nosso sonho em comum – foi inserida no nosso programa político”, lê-se numa publicação de Facebook do Intermarium Support Group em que anunciou que a IV conferência da organização, em Zagreb, na Croácia, “promete levar a cooperação a outro nível”.

O Regimento Azov já é membro honorário da organização de veteranos Francopan, que coopera com a Legião Estrangeira Francesa. “Para esta organização [o Azov], a cooperação sinergética comforças armadas estrangeiras não tem precedente”, continua a mesma publicação de 23 de Junho de 2019.

Artes marciais para recrutar

A violência sempre foi uma característica da extrema-direita e o militarismo e as artes marciais os escapes. Com o sucesso das artes marciais mistas (MMA), os seus militantes viram um novo terreno onde se podiam implantar, prosperar e, mais importante, recrutar. E, pelo meio, tecem ligações internacionais através de torneios em que participam lutadores dos Estados Unidos e Europa.

O Azov percebeu-o e agarrou essa oportunidade aliando-se a Denis Kapustin (conhecido por Denis Nikitin), um dos mais influentes militantes da extrema-direita europeia, cidadão russo-alemão e dono da marca desportiva White Rex. Nikitin dedicou-se em tempos a treinar militantes do britânico Acção Nacional, grupo neonazi banido pelas autoridades, e é o verdadeiro responsável pelo Reconquista Club, local onde o Azov organiza torneios em Kiev.

PÚBLICO -

Foto Denis Kapustin

 “Se matarmos um imigrante por dia, são 365 imigrantes por ano. Mas dezenas de milhares chegarão de qualquer forma. Percebi que estamos a combater as consequências, não as causas. Agora combatemos pelas mentes; não nas ruas, mas nas redes sociais”, disse Nikitin ao The Guardian, em Abril de 2018.

Nikitin é o responsável por trazer lutadores dos EUA e da Europa para os torneios que organiza através de uma rede de ginásios em todo o continente europeu. Em França, organiza o Pride France desde 2013 em Paris, e o Day of Glory em Lyon, em parceria com o Blood and Honor, considerado grupo terrorista pela Europol. E desde 2015 que organiza o festival alemão Kampf der Nibelungen (entretanto banido pelas autoridades alemãs) e o grego Pro Patria, em parceria com antigos e actuais elementos do neonazi Aurora Dourada. Já em 2018 fundou o Shield and Sword, um festival de extrema-direita com um torneio de MMA.

As ligações de Nikitin estendem-se a todo o continente e chegam até aos russos do Fathers Frost Mode (FFM), que também organiza torneios de MMA — o Hammer of the Will, por exemplo. Nikitin e o líder do FFM, Max Savelev, são próximos — o segundo esteve em Portugal em 2018.

Mas há quem não tenha pudor em dizer que a Ucrânia pode ser uma base para os militantes de extrema-direita. No início de Maio, Bogdan Khodakovski, líder do grupo neonazi ucraniano Tradição e Ordem, próximo do Azov, apareceu num vídeo em directo no Instagram, em que Nikitin fez de tradutor, e disse que a “União Europeia tem de ser destruída”.

Uma lição das eleições francesas

Macron x Le Pen: França vota segundo turno das eleições neste domingo (24) – Money Times

As eleições presidenciais francesas realizadas ontem deram a vitória a Emmanuel Macron sobre a candidata de direita radical Marine Le Pen. Seu governo prossegue até 2026, mas inicia sob o signo da contestação: manifestações espocaram nas ruas de Paris e outras cidades francesas pedindo uma França “sem Marine, nem Macron”. 

Não é o que se espera de um governo recém-eleito – afinal, não foi o povo francês, através de sua livre escolha democrática, quem conferiu a Macron a honra de liderar o país por mais quatro anos? De onde vem a insatisfação com o homem que acabaram de eleger?

Os números fornecem algumas pistas. A vitória de Macron veio com 58,2% dos votos. A segunda colocada, Marine Le Pen, somou 41,8%. No primeiro turno, as urnas deram a Macron 27,84% dos votos. Le Pen ficou com 23,15% e a candidatura de esquerda de Jean Luc Mélenchon, do partido “França Insubmissa”, ficou com 21,95%. Em outras palavras, Macron nunca foi o rei da preferência popular: seus dois adversários no primeiro turno obtiveram expressivas votações, próximas às dele, e com pautas muitíssimo distintas das dele. Mais: Le Pen e Mélenchon têm com vários pontos em comum, como a proposta para a França sair da OTAN,  o estímulo à industrialização e a nacionalização de setores da economia.

Há, contudo, diferenças óbvias. Jean Luc Mélenchon é um homem de esquerda e não apoiaria jamais – por exemplo – a pauta anti-imigratória de Le Pen. No segundo turno, não abriu apoio a Macron: disse apenas que não votaria em Le Pen. Sequer chegou a ensaiar o famoso “apoio crítico”, posição típica da extrema-esquerda brasileira quando decide somar forças com a esquerda “burguesa” contra um candidato explicitamente extremista. Le Pen pode ser uma péssima ideia para ele, mas não tão má a ponto de fazê-lo dividir palanque com um liberal atlantista pró-OTAN, pró-UE e pró- Ucrânia. Por outro lado, Macron não contrapôs a pauta protecionista e industrialista de Le Pen, de grande apelo entre os trabalhadores franceses. Precisou apoiar-se no discurso de combate ao populismo autoritário – evita-se, por alguma razão, o termo “fascismo” – para fazer-se eleger com o apoio da esquerda. Parte do eleitorado, horrorizado com a perspectiva de ser governado por Le Pen, votou nele a contragosto; outra parte não votou; e outra não votou em ninguém.

Se há uma lição que o cenário francês nos mostra é que esse discurso não é suficiente para quem quer combater extremistas. Quem enfrentará eleições nos próximos meses deveria tomar nota.

Agenda esportiva do dia – 24 de fevereiro de 2022

Veja abaixo a programação esportiva na TV no dia 24 de fevereiro de 2022 – quinta-feira.

08h00 – ATP 500 de Dubai: quartas-de-final – Star+
09h30 – WTA 1000 de Doha: quartas-de-final – Star+
11h30 – ATP 250 de Santiago: oitavas-de-final – Star+
12h00 – ATP 500 de Dubai: quartas-de-Final – Star+
13h00 – Basquete Universitário Feminino: Quinnipiac x Marist – Star+
14h00 – Boxe: Phila Mpontshane x Sibusiso Zingange – Star+
14h45 – UEFA Europa League: Dinamo Zagreb x Sevilla – Star+
14h45 – UEFA Europa League: Lazio x Porto – Espn4
14h45 – UEFA Europa League: Olympiacos x Atalanta – Star+
14h45 – UEFA Europa League: Real Sociedad x RB Leipzig – Star+
14h45 – UEFA Europa Conference League: Qarabag x Olympique de Marseille – Espn2
14h45 – UEFA Europa Conference League: Randers x Leicester City – Espn3
14h45 – UEFA Europa Conference League: Maccabi Tel-Aviv x PSV Eindhoven – Star+
14h45 – UEFA Europa Conference League: Bodø/Glimt x Celtic – Star+
14h45 – UEFA Europa Conference League: Partizan x Sparta Praha – Star+
15h00 – Euroliga de Basquete: Zalgiris x Real Madrid – BandSports
15h30 – Copa do Brasil: Nova Iguaçu x Criciúma – sportv e Premiere
15h30 – Campeonato Carioca: Bangu x Audax – Cariocão Play (Onefootball, Eleven, Operadoras e Clubes)
16h00 – Copa do Nordeste: Bahia x Sampaio Corrêa – Nordeste FC e Operadoras (pay-per-view)
16h00 – NBA G League: Stockton Kings x Agua Caliente Clippers – Star+
16h45 – Campeonato Ingêsl: Arsenal x Wolverhampton – Star+
17h00 – UEFA Europa League: Napoli x Barcelona – TV Cultura e Espn
17h00 – UEFA Europa League: Rangers x Borussia Dortmund – Star+
17h00 – UEFA Europa League: Betis x Zenit – Espn4
17h00 – UEFA Europa League: Braga x Sheriff Tiraspol – Star+
17h00 – UEFA Europa Conference League: Slavia Praha x Fenerbahçe – Espn2
17h00 – UEFA Europa Conference League: PAOK x Midtjylland – Star+
17h00 – UEFA Europa Conference League: Vitesse x Rapid Wien – Star+
17h00 – Superliga de Vôlei Masculino: Baasília x Blumenau – sportv2
17h00 – WTA 250 de Gudalajara: segunda rodada – Star+
19h00 – Copa do Brasil: Bahia de Feira x Coritiba – sportv e Premiere
19h00 – Campeonato Catarinense: Brusque x Próspera – Onefootball e Nsports
19h00 – Superliga de Vôlei Masculino: Goiás x Campinas – sportv2
19h00 – Superliga de Vôlei Masculino: Montes Claros x São José – NSports
19h00 – ATP 250 de Santiago: oitavas-de-final – Star+
19h30 – Campeonato Goiano: Anápolis x Goiás – Eleven
20h00 – Campeonato Alagoano: Jacyobá x CRB – Eleven
20h00 – Superliga de Vôlei Masculino: Sesi x Uberlândia – NSports
20h00 – ATP 500 de Acapulco: quartas-de-final – Espn2
20h00 – Basquete Universitário Feminino: Georgia Tech x Florida State – Star+
20h30 – Basquete Universitário Feminino: Florida x Vanderbilt – Star+
21h00 – NHL: Washington Capitals x New York Rangers – Espn3
21h00 – NHL: Pittsburgh Penguins x New Jersey Devils – Star+
21h00 – NHL: Minnesota Wild x Toronto Maple Leafs – Star+
21h00 – NHL: Columbus Blue Jackets x Florida Panthers – Star+
21h00 – Eliminatórias da Copa do Mundo de Basquete Feminino: Estados Unidos x Porto Rico – Star+
21h00 – Basquete Universitário Masculino: South Carolina Upstate x Winthrop – Star+
21h00 – Basquete Universitário Masculino: Temple x Memphis – Star+
21h00 – NBA G League: Fort Wayne Mad Ants x Delaware Blue Coats – Star+
21h00 – NBA G League: Lakeland Magic x Long Island Nets – Star+
21h00 – NBA G League: Maine Celtics x Grand Rapids Gold – Star+
21h00 – Superliga B de Vôlei Masculino: Juiz de Fora x Vila Nova – NSports
21h30 – Copa Libertadores da América: Olímpia x Atlético Nacional – Facebook (Conmebol Libertadores)
21h30 – Copa do Brasil: Campinense x São Paulo – sportv e Premiere
21h30 – Copa do Nordeste: Sport x Botafogo/PB – SBT Nordeste (PE e PB), Nordeste FC e Operadoras (pay-per-view)
21h30 – Campeonato Cearense: Fortaleza x Iguatu – TV Jangadeiro (CE), Nordeste FC e Operadoras (pay-per-view)
21h30 – NBA: Brooklyn Nets X Boston Celtics – sportv2
22h00 – Basquete Universitário Feminino: Clemson x Notre Dame – Star+
22h00 – NBA G League: Westchester Knicks x Wisconsin Herd – Star+
22h30 – NHL: Dallas Stars x Nashville Predators – Star+
22h30 – Basquete Universitário Feminino: South Carolina x Texas A&M – Star+
22h30 – CONCACAF Champions League: Cruz Azul x Forge – Star+
23h00 – Basquete Universitário Masculino: Belmont x Murray State – Star+
23h00 – Basquete Universitário Masculino: Gonzaga x San Francisco – Star+
23h30 – Basquete Universitário Masculino: UCLA x Oregon – Star+
00h00 – NBA: Portland Trail Blazers x Golden State Warriors – Band e sportv2
00h00 – NHL: Boston Bruins x Seattle Kraken – Star+
00h00 – NHL: Calgary Flames x Vancouver Canucks – Star+
00h30 – NHL: New York Islanders x San Jose Sharks – Star+
00h45 – CONCACAF Champions League: Seattle Sounders x Motagua – Star+
00h00 – NBA G League: Birmingham Squadron x Santa Cruz Warriors – Star+
01h00 – Basquete Universitário Masculino: USC x Oregon State – Star+
03h00 – Super Rugby: Chiefs x Moana Pasifika – Star+
03h00 – Super Rugby: Waratahs x Reds – Star+

Fonte: Esporteemidia.com

Resumo e análise de “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles

Cecília Meireles

O momento e a autora

“O Romanceiro da Inconfidência” foi publicado em 1953. Foi época de intenso interesse pelo passado de Minas Gerais por parte de muitos escritores das Alterosas: em 1951, Drummond publica “Claro Enigma”, contendo uma parte inteira dedicada à sua terra natal; em 1954, é a vez de Murilo Mendes e a sua “Contemplação de Ouro Preto”.

No caso de Cecília, o que despertou seu interesse foi uma visita a Ouro Preto como jornalista, no começo daquela década. A carioca apaixonou-se perdidamente pela cidade, pela história mineira e pela Inconfidência Mineira. Cecília era, na altura, poetisa reconhecida: com mais de dez obras publicadas em poesia, prosa, ensaio e crítica, havia recebido o Prêmio da Academia Brasileira de Letras por “Viagem”, publicado em 1939. Nada, contudo, lhe garantiria lugar na posteridade como o “Romanceiro da Inconfidência”.

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A obra

Que é o romanceiro? É uma coleção de romances – um tipo de forma poética da Ibéria medieval. Segundo Segismundo Spina, é uma forma híbrida, pois registra os grandes feitos de um cavaleiro – típico da poesia épica – com um tom subjetivismo – algo típico da poesia lírica.

Esse hibridismo está presente no tom e na forma do “Romanceiro da Inconfidência”. Um romanceiro, diz-nos Spina, conta algo. E o que o “Romanceiro” de Cecília nos conta? O nome já nos fornece uma pista: conta-nos acerca da Inconfidência Mineira. Mas não só isso: ele parte da História de Minas Gerais dentro do contexto da colonização portuguesa, com a descoberta do ouro, a migração massiva de portugueses e a escravidão, até culminar com a revolta propriamente dita sob a liderança de Tiradentes. Ou, nas palavras de Cecília,

“Narrar o que foi ouvido nestes ares de Minas, especialmente nesta Ouro Preto, cheia de ressonâncias incansáveis – e apontar nessa interminável confidência o que lhe dá eternidade, o que não é somente uma palavra ocasional, local, circunstancial -, mas uma palavra de violenta seiva, atuante em qualquer tempo, desde que interpretada, como ontem os oráculos e as sibilas”.

Em seus 85 romances, ele traz um amálgama de épico, lírico e dramático – épico ao narrar o fato, dramático ao focar as ações e lírico ao enfatizar o eu poético. Eis aí o hibridismo de que fala Spina.

Não é fácil separar o “Romanceiro” por partes estanques O caráter semi-fragmentário da obra, com idas e vindas, mudanças de temas e lugares, dificulta esse tipo de classificação. Contudo, grosso modo, o livro é dividido em três partes, narradas, em sua maior parte, na primeira pessoa. A métrica preferida por Cecília é a redondilha – tanto a menor, com cinco sílabas, como a maior, com sete -, muito comum no período trovadoresco da poesia ibérica.

A primeira centra-se na formação da cidade de Ouro Preto e na organização da Inconfidência.

A segunda narra os eventos da Inconfidência.

A terceira encerra a obra abordando as consequências da Inconfidência, com o enforcamento de Tiradentes, o degredo dos inconfidentes e a solidão das mulheres.

Murilo Mendes definiu o “Romanceiro” como poesia social de primeira ordem. Segundo o poeta mineiro, ele “resulta de uma combinação homogênea entre força poética, domínio da língua, erudição, e senso do detalhe histórico valorizado em vista de uma transposição superior, própria ao código da poesia”.

Esse senso de detalhe histórico com vistas a uma transposição superior parece consubstanciado em um dos trechos finais da obra, onde Cecília pergunta:

Quais os que tombam,

em crimes exaustos,

quais os que sobem,

purificados?

Os inconfidentes não são meros homens de ação concreta e histórica. Para Cecília, a criação poética usa o registro histórico como ponto de partida para o desvelamento de uma mensagem espiritual. O evento histórico guarda um significado transcendente – uma mensagem, ocupando uma posição dentro do cosmo como episódio significativo da história humana.

 

 

 

 

 

Programação Olimpíadas de Inverno Pequim 2022 – Quinta-feira, 10/02/2022

Veja aqui onde e quando assistir aos eventos dos Jogos Olímpicos de Inverno 2022.

Abaixo, os eventos da noite de 09/02/2022 e madrugada do dia 10/02/2022. Os canais sportv transmitem ao vivo, com vários sinais abertos no Globoplay. Além deles, o canal do youtube Olympics. As transmissões ao vivo previstas estão aqui.

Noite de 09/02/2022

22h05 – Curling Feminino: Grã-Bretanha x Suíça
22h05 – Curling Feminino: Dinamarca x China
22h05 – Curling Feminino: Suécia x Japão
22h05 – Curling Feminino: Rússia x EUA
22h30 – Patinação Artística: Individual Masculino PL
22h30 – Snowboard: Halfpipe Feminino (Final 1)
22h30 – Skeleton: Masculino (Descida 01)
22h58 – Snowboard: Halfpipe Feminino (Finais 2 e 3)
23h30 – Esqui Alpino: Combinado Alpino Downhill Masculino

Madrugada e manhã do dia 10/02/2022

00h00 – Skeleton: Masculino (Descida 02)
00h15 – Snowboard: Cross Masculino (Eliminatória)
01h10 – Hóquei no Gelo Masculino: Suécia x Letônia
01h10 – Snowboard: Cross Masculino (Eliminatória)
03h05 – Curling Masculino: Noruega x Canadá
00h00 – Skeleton: Masculino (Descida 02)
00h15 – Snowboard: Cross Masculino (Eliminatória)
01h10 – Hóquei no Gelo Masculino: Suécia x Letônia
01h10 – Snowboard: Cross Masculino (Eliminatória)
03h05 – Curling Masculino: Noruega x Canadá
03h55 – Bobsled: Duplas Masculinas (Treinos 01 e 02)
03h58 – Snowboard: Cross Masculino (Semi)
04h00 – Esqui Cross-Country: 10km Clássico Feminino
04h15 – Snowboard: Cross Masculino
05h40 – Hóquei no Gelo Masculino: Finlândia x Eslováquia
6h55 – Bobsled: Monobob Feminino (Treinos 01 e 02)
07h00 – Salto de Esqui: Individual Masculino Pista Longa (Treino)
08h00 – Esqui Estilo Livre: Aerials Equipe Mista (Final 01)
08h50 – Esqui Estilo Livre: Aerials Equipe Mista (Final 02)
09h00 – Patinação Velocidade: 5.000m Feminino
09h05 – Curling Feminino: Canadá x Coréia do Sul
09h05 – Curling Feminino: Suécia x Grã-Bretanha
09h05 – Curling Feminino: EUA x Dinamarca
09h05 – Curling Feminino: China x Suíça
10h10 – Hóquei no Gelo Masculino: EUA x China
10h10 – Hóquei no Gelo Masculino: Canadá x Alemanha
10h10 – Luge: Revezamento por Equipes

210 anos de Charles Dickens

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Arte de Yasmine Uequed Pitol

No dia 7 de fevereiro de 1812 – há 210 anos, portanto – nascia Charles John Ruffan Dickens.

Filho de família de classe média baixa, conheceria a pobreza degradante das classes trabalhadoras aos doze anos, quando seus pais foram presos por dívidas. Foi então obrigado a trabalhar, e trabalhar duro, para poder sobreviver na Inglaterra dos começos da Revolução Industrial, quando leis trabalhistas, sindicatos, medidas de proteção social e outras coisas não eram sequer sonhadas pelos trabalhadores.

Quando Dickens decidiu ser escritor, já adulto, transformou as experiências de perda e desamparo em tema literário . Seus primeiros livros falam da situação degradante em que viviam os trabalhadores da Inglaterra, a indiferença para com o próximo em necessidade e o vale-tudo para subir na  social, típico daquela época de intensa competição estimulada pelo governo. A Inglaterra em que ele viveu, e que retratou com maestria em seus romances, era um país de solitários, depressivos, cínicos, hipócritas, extenuados pelo trabalho e embrutecidos pelo individualismo atomizador. Era o mundo de “Oliver Twist”, de “As aventuras do sr. Pickwick” e de “Loja de antiguidades”; e era, também,o mundo de “Canção de Natal”, sua obra mais conhecida.

Programação Olimpíadas de Inverno Pequim 2022 – Quarta-feira, 09/02/2022

Veja aqui onde e como assistir à programação das Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022 – noite do dia 08/02/2022 até a manhã do dia 09/02/2022 (horário de Brasília).

Os canais sportv transmitem ao vivo. Além deles, o canal do youtube Olympics. As transmissões ao vivo previstas estão aqui.

Noite do dia 08/02/2022

22h30 – Luge: Revezamento Masculino (Treino)

22h30 – Snowboard: Halfpipe Feminino (Classificatória)

23h15 – Esqui Alpino: Slalom Feminino (Volta 01)

23h30 – Esqui Alpino: Combinado Downhill Masculino (Treino)

Madrugada e manhã do dia 09/02/2022

00h00 – Esqui Estilo Livre: Big Air Masculino (Final 01)

00h00 – Snowboard: Cross Feminino (Classificatória)

00h22 – Esqui Estilo Livre: Big Air Masculino (Final 02)

00h45 – Esqui Estilo Livre: Big Air Masculino (Final 03)

01h30 – Snowboard: Halfpipe Masculino (Classificatória)

01h40 – Skeleton: Feminino (Treinos 05 e 06)

02h45 – Esqui Alpino: Slalom Feminino (Volta 02)

03h30 – Snowboard: Cross Feminino (Oitavas)

04h00 – Combinado Nórdico: Rodada de Testes

04h07 – Snowboard: Cross Feminino (Quartas)

04h28 – Snowboard: Cross Feminino (Semi)

04h45 – Snowboard: Cross Feminino (Final)

05h00 – Combinado Nórdico: Gundersen PN/10km

05h40 – Hóquei no Gelo Masculino: Rússia x Suíça

07h00 – Salto de Esqui: Masculino Individual (Treino 01)

08h00 – Combinado Nórdico: Gundersen PN/10km

08h00 – Patinação Velocidade Pista Curta: 1500m Masculino (Quartas)

08h44 – Patinação Velocidade em Pista Curta: 1000m Feminino (Quartas)

09h05 – Curling Masculino: Dinamarca x Canadá
09h05 – Curling Masculino: EUA x Rússia
09h05 – Curling Masculino: Noruega x Suíça
09h05 – Curling Masculino: China x Suécia
09h20 – Luge: Duplas (Descida 01)

09h29 – Patinação Velocidade em Pista Curta: 1500m Masculino (Semi) Televisão
10h10 – Hóquei no Gelo Masculino: Rep. Tcheca x Dinamarca
10h20 – Patinação Velocidade em Pista Curta: 1500m Masculino Medalha de primeiro lugarTelevisão
10h35 – Luge: Duplas (Descida 02) Medalha de primeiro lugarTelevisão

Thiago de Mello (1926 – 2022)

Templo Cultural Delfos: Thiago de Mello – o poeta da floresta

Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964

Patrícia Melo e a literatura

Patricia Melo fala de seu novo livro no Viamundo desta quarta. | Viamundo

 

O porquê da literatura

Há várias razões pelas quais devemos nos dedicar à literatura. Primeiro, porque ela é sempre uma hipótese. Hipótese de uma vida. É uma maneira de você vivenciar uma vida diferente da sua. De ter uma experiência diferente e aprender. A maneira mais fácil de ver a importância da literatura na vida de um ser humano é pensar nos livros que mudaram sua vida. Há livros que mudam nossa vida. Mudam nossa cabeça de tal forma que a gente passa a ter uma conduta diferente. Passa a ter uma perspectiva diferente. A literatura não é só sonho, entretenimento, embora também possa ser, mas é também autoconhecimento. Ela é a vivência de uma experiência possível. Ou de uma experiência impossível. É um mergulho na linguagem. Uma possibilidade de aprender, de maneira muito agradável, a estrutura da sua língua. De aprender novos vocábulos. De melhorar sua maneira de falar. As vantagens de ser um leitor são tantas. É até difícil elencar. A vida, sem literatura, é como a vida sem o sonho. É pobre. Uma vida reduzida. Sempre brinco: a gente deveria ter duas vidas, uma para viver e outra só para ler. Por mais que me dedique à literatura, estou sempre correndo atrás. Sempre achando que minha formação está cheia de buracos. Que há livros e mais livros que quero ler. Para mim, não há prazer maior do que sentar em uma poltrona, pegar um livro e mergulhar na história.

Os livros que mudaram minha vida

Daria para fazer uma entrevista inteira só sobre os livros que mudaram minha vida. Um deles foi O estrangeiro, do Camus. Esse absurdo da vivência, esse vazio sobre o qual Camus sempre fala na literatura dele, ecoou de uma forma tão profunda em mim… Acho que já o li umas dez vezes. Outro que teve um impacto profundo foi Crime e castigo, do Dostoiévski. Quando falo em transformação do leitor, não é só na sua maneira de pensar. Ela também tem a ver com uma questão estética. Alguns livros me marcam profundamente pelo estilo. Pela maneira como aquela história é contada. Outros livros me marcam pela densidade dos personagens, são personagens que você passa a carregar a vida toda. Quem leu Lolita, do Nabokov, por exemplo? Lolita é uma personagem que tem carne. Você sabe perfeitamente quem ela é. Ela é tão presente na vida do leitor quanto um familiar, um parente. Às vezes até é muito mais próxima de você como figura humana do que um primo, um tio. O que a literatura nos dá é uma gama de possibilidades — estética, experimental, no sentido de vivência. Há livros que marcam especificamente porque há algo neles que ecoa em nós de maneira direta. Mas, no fundo, o que vai transformar o leitor é essa constelação de leituras. Em um livro há o apelo estético, no outro há um personagem no qual o leitor se reconhece, e às vezes até de maneira negativa, como um espelho assustador, no outro é um espelho inspirador. É nessa dinâmica, na leitura de vários autores, que você tem a perspectiva de se enriquecer como pensador. Como ser humano. Como pessoa.

Escrita e plano

 Nunca consegui fazer um plano literário. Sempre faço um mergulho no livro que me proponho a escrever, sem pensar muito no que vai ser na sequência. Sem tentar responder às expectativas que são criadas em cima da minha própria literatura. Tem sido isto: a cada livro, um novo desafio. Sempre encaro assim o início de um novo projeto. Um desafio que nem sei se vai dar certo. De repente, não dá certo. Um desafio em termos de estilo, narrativa, temática. Sempre é um tiro no escuro. Procuro escrever sem planejar muito, sem ter muita expectativa, para também não me frustrar demais. 

O escritor e a liberdade

 O que acho interessante, na vida do escritor, é justamente a liberdade. Por exemplo, senti uma certa pressão quando escrevi O matador. Foi um grande sucesso — não só no Brasil, mas fora dele. Havia uma expectativa dos meus editores. Como se meu próximo livro tivesse que ter a força d’O matador. Acho que é muito frustrante pro escritor repetir uma experiência que ele acabou de realizar no livro anterior. Não sei o que é ter um estilo, mas imagino que significa exatamente isto: retomar experiências de projetos anteriores em projetos em construção. Acho que isso é, no mínimo, tedioso. Você não se impõe nenhum desafio, fica repetindo a fórmula que deu certo. Tenho tentado, ao longo da minha carreira, a cada novo projeto, esquecer o livro anterior. Esquecer aquela experiência.

Prazer do risco

Lembro do poeta Joseph Brodsky falando que literatura e poesia são espaços nos quais os profissionais que estão envolvidos são quase obrigados a abrir mão de suas experiências se não quiserem se frustrar. É diferente dos outros profissionais que se beneficiam das experiências que ganharam ao longo da realização de projetos. É exatamente essa a minha sensação. Quando começo um projeto, falo: “Bom, isso aqui não quero. Já sei exatamente o que não quero, que é o que sei fazer”. O que sei fazer é o que não quero. Quero algo arriscado. Sentir que estou fazendo pela primeira vez.

O processo criativo

O que aprendi como roteirista de cinema e TV é o que chamo “eficiência da narrativa”. No cinema e na TV você tem pouco tempo para contar uma história, então é preciso ser muito eficiente, saber exatamente como contar a história. O que eu trouxe dessas mídias foi isso, essa preocupação com a eficiência. Com conseguir articular uma narrativa, que é um arco. Ela tem desenvolvimento, ápice, tem que se resolver. Isso vem muito da preocupação como roteirista. Acho isso muito benéfico para minha literatura. Porque eu, como leitora, sou muito crítica no que diz respeito à eficiência das narrativas dos autores. Às vezes, me incomoda: estou lendo e percebo que o livro está cheio de gordura. Pra que isso? Sinto que é quando falta a mão do editor cortando. É difícil para o próprio autor cortar. Não consegue cortar, o livro fica com barriga, sem ritmo. São essas preocupações que eu trouxe do cinema e da televisão: ritmo, eficiência. Foi muito positiva essa temporada no audiovisual. • Processo criativo 1 Acabei um livro novo, e esse processo sempre se repete. Cada livro tem uma escritura, uma pesquisa, até uma rotina de trabalho diferentes. Mas o que se mantém sempre é o nascimento do livro. É sempre da mesma maneira. Estou no branco, sem saber o que vou fazer, não sei o que quero fazer no próximo projeto, aí começo a me interessar por alguma coisa específica. Geralmente é um tema. Sempre que estou lendo o jornal, escolhendo novos livros que vou ler, estou sempre privilegiando uma temática. Começo a mergulhar numa temática. Antes ainda de perceber que aquilo vai se transformar num livro. Na verdade, começo a pesquisar sem saber que estou pesquisando. E, de repente, penso: “Esse é um material que posso usar em um romance”. Assim que tenho um tema, a primeira coisa que penso é em quem vai contar a história. Quem são os personagens que podem incorporar a temática. É sempre nessa sequência: primeiro a temática, depois personagens, aí começo a pensar em uma história mesmo. Começo a fabular. Mas em uma fase muito experimental, sem saber até se vou seguir adiante com isso. • Processo criativo 2 De repente, tenho um ovo. Tenho esses personagens de que gosto, essa temática, aí começo a fase de pesquisa. Vou atrás de amigos que sei que podem me dar uma bibliografia, vou atrás de profissionais que trabalham com essa temática que quero conhecer. Geralmente é um assunto que desconheço totalmente. Isso dura uma média de um ano, mais ou menos. Só de leituras, anotações. Vou preenchendo um monte de caderninhos, até de conversas que tenho com pessoas que me interessam. Muita anotação de coisas que vejo, pessoas que conheço, trejeitos delas, frases que me falam. Vai tudo pra esse caderninho.

Ladrão e espião

Todo escritor é um bom ladrão. Mais do que ladrão, todo escritor é um espião. Ele está sempre olhando pelo buraco de fechadura. É impossível você deixar de ser espião sendo escritor. O tempo todo você fica com a maquininha de espião ligada.

A inspiração

Sopro das musas Tem muita angústia na escritura. O que é a escritura? Um momento de busca. Você está buscando uma série de coisas. Uma estrutura, um personagem. Parte da criação acontece fora da mesa de trabalho. Mas uma parte muito importante acontece quando se está escrevendo. É importante que aconteça quando se está escrevendo. Se você decide tudo antes, sobra muito pouco espaço para a improvisação. Para as musas. É na hora que você senta para escrever que há a possibilidade de se relacionar com as musas, receber um sopro delas.

Só começo um livro quando sei como vai acabar. Sei o começo e sei o fim. Nunca mudei. Pode ser que no futuro aconteça. Em todos os livros que escrevi até agora, a partida e a chegada eu sabia. O resto pode ficar um pouco sem saber, vai se desenvolvendo. Mas esses dois pontos acho importante de o ficcionista dominar, acho que isso dá um norte. No meu caso, pelo menos.

Vingança

No Mulheres empilhadas, tinha a questão da realidade que eu queria trabalhar. Mas queria, também, que houvesse espaço para a vingança. A vingança não poderia ser no plano da realidade, porque achava que, dessa forma, se a protagonista tomasse consciência da violência e fosse como um matador de saias, como a personagem da Uma Thurman no filme do Tarantino [Kill Bill], aí estaria transformando essa mulher em um assassino do mesmo tipo que mata as mulheres. Então, queria que a violência fosse uma fábula. Quase que um canal para extravasar, uma sublimação dessa violência. Desse desejo de vingança. Uma sublimação do desejo de vingança. Aí, as coisas foram se juntando na pesquisa. Queria que acontecesse no Acre, porque o Acre me dava vários tipos de mulheres: a da floresta, dos povos ribeirinhos, das comunidades indígenas, da comunidade rural. Uma coisa foi levando a outra, aí consegui criar — buscando nas próprias lendas amazônicas — uma realidade imaginária de guerreiras vingadoras que saem atrás dos homens que escapam impunes dos tribunais e fazem rituais de canibalismo com eles. Elas se vingam, matam, se divertem muito com os atos. Era uma estrutura que permitia, também, uma espécie de contrapeso à violência. Um olhar mais bem-humorado. O contrapeso da realidade. Fiquei muito feliz de conseguir. Foi uma matemática. No começo, estava com muita dificuldade de estruturar o romance. Precisei de uma estrutura tripartida para dar conta de tudo isso.

Lugar de fala e literatura

 Lugar de fala significa empobrecer a literatura. A literatura é um espaço de liberdade, não pode haver esse tipo de preocupação. O que significa ter lugar de fala na literatura? Que só posso escrever sobre o que vivo? Só sobre a minha experiência? Isso é de uma pobreza… É como se você colocasse toda sua imaginação numa caixinha. “Tem que ser assim agora, porque tem que ter o lugar de fala. Você não tem autoridade pra falar isso…” Eu, como ficcionista, tenho autoridade para falar sobre o que quiser. Assim como os críticos têm liberdade para odiar meu livro e achar que fiz muito mal. Que não convenço. Que os personagens que escrevi não têm densidade. Mas tenho que ter essa liberdade. Literatura e lugar de fala são duas coisas incompatíveis. Não dou a menor bola para essa discussão no âmbito da literatura. Não gasto nem tempo pensando nisso.

Onde assistir à apresentação de Messi no PSG

Veja aqui tudo o que você precisa saber para assistir à apresentação de Messi no Paris Saint Germain

Você saberá a data em que ocorre, o horário de início da transmissão e em qual canal poderá assistir ao evento

Saber onde encontrar a programação da transmissão da apresentação de Messi no PSG? É no Perspectiva Online.

Quando? O evento no dia 11 de agosto

Que dia da semana? quarta-feira

Que horas? A transmissão será às 6 horas. Messi deverá chegar à sala às 7 horas e dar início à coletiva

Qual canal transmite? PSG TV no Youtube.

Quadro de medalhas das Olimpíadas de Tóquio 2020

 

 Ordem País

Medalha de ouro Medalha de prata Medalha de bronze GoldSilverBronze medals.svg Ordem
por total
1 ChinaCHN China 15 7 9 31 2
2 JapãoJPN Japão 15 4 6 25 4
3 Estados UnidosUSA Estados Unidos 14 14 10 38 1
4 Atletas Olímpicos da RússiaOAR Atletas Olímpicos da Rússia 8 11 9 28 3
5 AustráliaAUS Austrália 8 2 10 20 5
6 Grã-BretanhaGBR Grã-Bretanha 5 7 6 18 7
7 Coreia do SulKOR Coreia do Sul 4 3 5 12 10
8 FrançaFRA França 3 5 3 11 11
9 AlemanhaGER Alemanha 3 3 7 13 8
10 ItáliaITA Itália 2 7 10 19 6
11 Países BaixosNED Países Baixos 2 7 4 13 8
12 CanadáCAN Canadá 2 3 5 10 12
13 HungriaHUN Hungria 2 1 2 5 16
14 EslovêniaSLO Eslovênia 2 1 1 4 17
15 CroáciaCRO Croácia 2 1 3 23
16 KosovoKOS Kosovo 2 2 30
17 BrasilBRA Brasil 1 3 3 7 13
18 SuíçaSUI Suíça 1 3 2 6 14
19 RomêniaROM Romênia 1 3 4 17
20 Taipé ChinêsTPE Taipé Chinês 1 2 3 6 14
21 República ChecaCZE República Checa 1 2 1 4 17
21 Nova ZelândiaNZL Nova Zelândia 1 2 1 4 17
23 GeórgiaGEO Geórgia 1 2 3 23
24 SérviaSRB Sérvia 1 1 2 4 17
25 ÁustriaAUT Áustria 1 1 1 3 23
26 Hong KongHKG Hong Kong 1 1 2 30
26 TunísiaTUN Tunísia 1 1 2 30
28 EstôniaEST Estônia 1 1 2 30
28 IrlandaIRL Irlanda 1 1 2 30
28 UzbequistãoUZB Uzbequistão 1 1 2 30
31 BermudasBER Bermudas 1 1 42
31 EquadorECU Equador 1 1 42
31 FijiFIJ Fiji 1 1 42
31 IrãIRN Irã 1 1 42
31 LetôniaLAT Letônia 1 1 42
31 NoruegaNOR Noruega 1 1 42
31 FilipinasPHI Filipinas 1 1 42
31 EslováquiaSVK Eslováquia 1 1 42
31 TailândiaTHA Tailândia 1 1 42
40 EspanhaESP Espanha 2 1 3 23
41 África do SulRSA África do Sul 2 2 30
42 IndonésiaINA Indonésia 1 2 3 23
42 MongóliaMGL Mongólia 1 2 3 23
44 BélgicaBEL Bélgica 1 1 2 30
44 DinamarcaDEN Dinamarca 1 1 2 30
46 BulgáriaBUL Bulgária 1 1 42
46 ColômbiaCOL Colômbia 1 1 42
46 ÍndiaIND Índia 1 1 42
46 JordâniaJOR Jordânia 1 1 42
46 República da MacedôniaMKD República da Macedônia 1 1 42
46 PolôniaPOL Polônia 1 1 42
46 TurcomenistãoTKM Turcomenistão 1 1 42
46 VenezuelaVEN Venezuela 1 1 42
54 UcrâniaUKR Ucrânia 4 4 17
55 CazaquistãoKAZ Cazaquistão 3 3 23
56 EgitoEGY Egito 2 2 30
56 MéxicoMEX México 2 2 30
56 TurquiaTUR Turquia 2 2 30
59 ArgentinaARG Argentina 1 1 42
59 Costa do MarfimCIV Costa do Marfim 1 1 42
59 CubaCUB Cuba 1 1 42
59 FinlândiaFIN Finlândia 1 1 42
59 IsraelISR Israel 1 1 42
59 KuwaitKUW Kuwait 1 1 42
59 PortugalPOR Portugal 1 1 42
59 San MarinoSMR San Marino 1 1 42
TOTAL 112 112 132 356

Ver também

Jogos Olímpicos de Tóquio / Olympic Games of Tokyo – dia 24 de junho (24/6)

DATA PROVA HORÁRIO RESULTADO MODALIDADE
24 DE JULHO DE 2021   PAVAN/MELISSA (CAN) X STAM/SCHOON (HOL) 00:00 N.D VÔLEI DE PRAIA FEMININO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021   CHINA X SÉRVIA 00:00 N.D BASQUETE 3×3 MASCULINO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 RODADA DE 32 00:00 N.D BOXE – 57 KG MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 ELIMINATÓRIAS 00:10 N.D REMO
24 DE JULHO DE 2021   ARGENTINA X ESPANHA 00:15 N.D JOGOS OLÍMPICOS – HÓQUEI SOBRE A GRAMA MASCULINO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X FELIPE WU (BRA) 01:00 N.D TIRO ESPORTIVO
24 DE JULHO DE 2021 RODADA DE 32 X 01:24 N.D BOXE – 69 KG MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 GRUPO A 01:50 N.D LEVANTAMENTO DE PESO
24 DE JULHO DE 2021   CANADÁ X AUSTRÁLIA 02:00 N.D POLO AQUÁTICO FEMININO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021   RÚSSIA X CHINA 02:00 N.D BASQUETE 3×3 FEMININO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 RODADA DE 32 X ABNER TEIXEIRA (BRA) 02:12 N.D BOXE – 91 KG MASCULINO –
24 DE JULHO DE 2021 ROUND 1 02:15 N.D TÊNIS DE MESA – INDIVIDUAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 ROUND 1 02:15 N.D TÊNIS DE MESA – INDIVIDUAL FEMININO
24 DE JULHO DE 2021   SUÉCIA X BAHREIN 02:15 N.D HANDEBOL MASCULINO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021 QUARTAS, SEMIFINAL, DISPUTA DO BRONZE E FINAL 02:15 N.D TIRO COM ARCO – EQUIPE MISTA
24 DE JULHO DE 2021   RÚSSIA X ARGENTINA 02:20 N.D VÔLEI MASCULINO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021   ROMÊNIA X JAPÃO 02:25 N.D BASQUETE 3×3 FEMININO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021   ESTADOS UNIDOS X MÉXICO 02:30 N.D SOFTBALL – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  CAVALO COM ALÇAS
24 DE JULHO DE 2021   QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – CAVALO COM ALÇAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO MASCULINA – BRASIL 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  CAVALO COM ALÇA
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  CAVALO COM ALÇAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – ARGOLAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  ARGOLAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – ARGOLAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  ARGOLAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR ZANETTI 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – ARGOLAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  SALTO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – SALTO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – SALTO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – SALTO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  BARRAS PARALELAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – BARRAS PARALELAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  BARRAS PARALELAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – BARRAS PARALELAS
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – BARRA FIXA
24 DE JULHO DE 2021 BARRA FIXA – QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D JOGOS OLÍMPICOS – GINÁSTICA ARTÍSTICA
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – BARRA FIXA
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – BARRA FIXA
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  SOLO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA – SOLO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  SOLO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  SOLO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X ARTHUR NORY 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  INDIVIDUAL GERAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X FRANCISCO BARRETTO 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  INDIVIDUAL GERAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X DIOGO SOARES 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  INDIVIDUAL GERAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO X CAIO SOUZA 02:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA –  INDIVIDUAL GERAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021   HUBERLI/BETSCHART (SUI) X LUDWIG/KOZUCH (ALE) 03:00 N.D VÔLEI DE PRAIA FEMININO – GRUPO F
24 DE JULHO DE 2021   RÚSSIA X CHINA 03:00 N.D BASQUETE 3×3 MASCULINO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021   SÉRVIA X HOLANDA 03:25 N.D BASQUETE 3×3 MASCULINO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 FINAL 03:30 N.D TIRO ESPORTIVO
24 DE JULHO DE 2021   ÁFRICA DO SUL X ESPANHA 03:30 N.D POLO AQUÁTICO FEMININO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021   LESHUKOV/SEMENOV X HERRERA/GAVIRA 04:00 N.D VÔLEI DE PRAIA MASCULINO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021   ALEMANHA X ESPANHA 04:15 N.D HANDEBOL MASCULINO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021   JAPÃO X VENEZUELA 04:25 N.D VÔLEI MASCULINO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021   CHILE X CANADÁ 04:30 N.D FUTEBOL FEMININO – GRUPO E
24 DE JULHO DE 2021   VERGÉ-DEPRÉ/HEIDRICH (SUI) X  SUDE/BORGER (ALE) 05:00 N.D VÔLEI DE PRAIA FEMININO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021 JOÃO VICTOR MARCARI OLIVA (BRA) 05:00 N.D HIPISMO – ADESTRAMENTO INDIVIDUAL
24 DE JULHO DE 2021 DIA 1 05:00 N.D HIPISMO – ADESTRAMENTO EQUIPE
24 DE JULHO DE 2021   ZÂMBIA X CHINA 05:00 N.D FUTEBOL FEMININO – GRUPO F
24 DE JULHO DE 2021 RODADA DE 32 05:00 N.D BOXE – 57 KG FEMININO
24 DE JULHO DE 2021   AUSTRÁLIA X SUÉCIA 05:30 N.D FUTEBOL FEMININO – GRUPO G
24 DE JULHO DE 2021   ITÁLIA X MONGÓLIA 05:30 N.D BASQUETE 3×3 FEMININO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 RODADA DE 32 X 05:30 N.D BOXE – 57 KG MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021   ESTADOS UNIDOS X FRANÇA 05:55 N.D BASQUETE 3×3 FEMININO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 FASE DE GRUPOS 06:00 N.D BADMINTON – INDIVIDUAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 FASE DE GRUPOS 06:00 N.D BADMINTON – INDIVIDUAL FEMININO
24 DE JULHO DE 2021 FASE DE GRUPOS 06:00 N.D BADMINTON – DUPLAS MASCULINAS
24 DE JULHO DE 2021 FASE DE GRUPOS 06:00 N.D BADMINTON – DUPLAS FEMININAS
24 DE JULHO DE 2021 FASE DE GRUPOS 06:00 N.D BADMINTON – DUPLAS MISTAS
24 DE JULHO DE 2021   JAPÃO X ESTADOS UNIDOS 06:20 N.D POLO AQUÁTICO FEMININO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021   GRÃ-BRETANHA X ÁFRICA DO SUL 06:30 N.D HÓQUEI DE GRAMA MASCULINO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021   LETÔNIA X BÉLGICA 06:40 N.D BASQUETE 3×3 MASCULINO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021   CANADÁ X ALEMANHA 07:00 N.D HÓQUEI DE GRAMA MASCULINO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021 ELIMINATÓRIAS 07:02 N.D NATAÇÃO – 400M MEDLEY MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021   JAPÃO X POLÔNIA 07:05 N.D BASQUETE 3×3 MASCULINO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 RODADA DE 32 07:06 N.D BOXE – 69 KG MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 ELIMINATÓRIAS 07:28 N.D NATAÇÃO – 100M BORBOLETA FEMININO
24 DE JULHO DE 2021   JAPÃO X GRÃ-BRETANHA 07:30 N.D FUTEBOL FEMININO – GRUPO E
24 DE JULHO DE 2021 ROUND 1 07:30 N.D TÊNIS DE MESA – INDIVIDUAL MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 ROUND 1 07:30 N.D TÊNIS DE MESA – INDIVIDUAL FEMININO
24 DE JULHO DE 2021   PORTUGAL X EGITO 07:30 N.D JOGOS OLÍMPICOS – HANDEBOL MASCULINO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021 QUALIFICAÇÃO MASCULINA 07:30 N.D GINÁSTICA ARTÍSTICA
24 DE JULHO DE 2021   POLÔNIA X IRÃ 07:40 N.D VÔLEI MASCULINO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021 ELIMINATÓRIAS X GUILHERME COSTA 07:48 N.D NATAÇÃO – 400M LIVRE MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021   CHINA X RÚSSIA 07:50 N.D POLO AQUÁTICO FEMININO – GRUPO B
24 DE JULHO DE 2021   BANSLEY/BRANDIE (CAN) X WANG/XIA (CHI) 08:00 N.D VÔLEI DE PRAIA FEMININO – GRUPO C
24 DE JULHO DE 2021   BRASIL X HOLANDA 08:00 N.D FUTEBOL FEMININO – GRUPO F
24 DE JULHO DE 2021   JAPÃO X ITÁLIA 08:00 N.D SOFTBALL – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 ACIMA DE 91KG MASCULINO – RODADA DE 32 X 08:12 N.D BOXE
24 DE JULHO DE 2021   ESTADOS UNIDOS X NOVA ZELÂNDIA 08:30 N.D FUTEBOL FEMININO – GRUPO G
24 DE JULHO DE 2021 – ELIMINATÓRIAS X 08:30 N.D NATAÇÃO – 400M MEDLEY FEMININO
24 DE JULHO DE 2021   HOLANDA X ÍNDIA 08:45 N.D HÓQUEI DE GRAMA FEMININO – GRUPO A
24 DE JULHO DE 2021 ELIMINATÓRIAS X FELIPE LIMA 08:55 N.D NATAÇÃO – 100M PEITO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021 ELIMINATÓRIAS X CAIO PUMPUTIS 08:55 N.D NATAÇÃO – 100M PEITO MASCULINO
24 DE JULHO DE 2021   BROUWER/MEEUWSEN (HOL) X LUCENA/DALHAUSSER (EUA) 09:00 N.D VÔLEI DE PRAIA MASCULINO – GRUPO D
24 DE JULHO DE 2021   MONGÓLIA X ESTADOS UNIDOS 09:00 N.D BASQUETE 3×3 FEMININO – PRIMEIRA FASE
24 DE JULHO DE 2021 – ELIMINATÓRIAS X BRASIL 09:15 N.D NATAÇÃO –  4X100M LIVRE FEMININO

Skate – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (2021)

Dia Data Início Final Evento Fase
Dia 2 Domingo, 25 de julho de 2021 9:00 13:55 Street masculino Eliminatórias/Final
Dia 3 Segunda-feira, 26 de julho de 2021 9:00 13:55 Street feminino Eliminatórias/Final
Dia 12 Quarta-feira, 4 de agosto de 2021 9:00 13:40 Park feminino Eliminatórias/Final
Dia 13 Quinta-feira, 5 de agosto de 2021 9:00 13:40 Park masculino Eliminatórias/Final

Ciclismo – Tabela dos jogos Olímpicos de Tóquio

Calendário

E Eliminatórias QF Quartas-de-final SF Semifinais F Finais
BMX, mountain bike e ciclismo em estrada[3][4][5][6][7]
Evento↓/Data → 24/07 25/07 26/07 27/07 28/07 29/07 30/07 31/07 01/08
BMX Estilo livre
Estilo livre masculino E F
Estilo livre feminino E F
BMX Corrida
Corrida masculina QF SF F
Corrida feminina QF SF F
Mountain bike
Cross-country masculino F
Cross-country feminino F
Ciclismo em estrada
Corrida em estrada masculina F
Estrada contra o relógio masculino F
Corrida em estrada feminina F
Estrada contra o relógio feminino F
Ciclismo em pista[3][8]
Data → 02/08 03/08 04/08 05/08 06/08 07/08 08/08
Keirin masculino E QF SF F
Madison masculino F
Omnium masculino SR TR ER PR
Perseguição por equipes masculino E SF F
Velocidade masculino E QF SF F
Velocidade por equipes masculino E SF F
Keirin feminino E QF SF F
Madison feminino F
Omnium feminino SR TR ER PR
Perseguição por equipes feminino E SF F
Velocidade feminino E QF SF F
Velocidade por equipes feminino E SF F

Participação

Beisebol – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Grupo A

 
Posição Equipe P V D RF RA PCT GB
1 Japão Japão (H)
2 México México
3 República Dominicana República Domicana

(H) País Sede

28 de Julho; 12:00 (UTC+9) – Fukushima Azuma Baseball Stadium
Equipe 1 2 3 4 5 6 7 8 9 R H E
República Dominicana República Domicana
Japão Japão
30 de Julho; 12:00 (UTC+9) – Yokohama Stadium
Equipe 1 2 3 4 5 6 7 8 9 R H E
México México
República Dominicana República Domicana
31 de Julho; 12:00 (UTC+9) – Yokohama Stadium
Equipe 1 2 3 4 5 6 7 8 9 R H E
Japão Japão
México México

Grupo B

Posição Equipe P V D RF RA PCT GB
1 Israel Israel
2 Coreia do Sul Córeia do Sul
3 Estados Unidos Estados Unidos
29 de Julho; 19:00 (UTC+9) – Yokohama Stadium
Equipe 1 2 3 4 5 6 7 8 9 R H E
Israel Israel
Coreia do Sul Córeia do Sul
30 de Julho; 19:00 (UTC+9) – Yokohama Stadium
Equipe 1 2 3 4 5 6 7 8 9 R H E
Estados Unidos Estados Unidos
Israel Israel
31 de Julho; 19:00 (UTC+9) – Yokohama Stadium
Equipe 1 2 3 4 5 6 7 8 9 R H E
Coreia do Sul Córeia do Sul
Estados Unidos Estados Unidos

Handebol – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Group A 

Pos Team Pld W D L GF GA GD Pts Qualification
1  Qatar (H) 3 3 0 0 118 44 +74 6 Semifinals
2  Saudi Arabia 3 2 0 1 96 69 +27 4
3  India 3 1 0 2 66 104 −38 2
4  Hong Kong 3 0 0 3 59 122 −63 0
17 October 2019
16:00
Saudi Arabia  35–24  India Duhail Handball Sports HallDoha
(19–13)
17 October 2019
18:00
Qatar  49–19  Hong Kong Duhail Handball Sports HallDoha
(19–6)

19 October 2019
16:00
Hong Kong  16–41  Saudi Arabia Duhail Handball Sports HallDoha
(6–17)
19 October 2019
18:00
India  10–40  Qatar Duhail Handball Sports HallDoha
(4–18)

21 October 2019
16:00
India  32–29  Hong Kong Duhail Handball Sports HallDoha
(16–15)
21 October 2019
18:00
Qatar  29–20  Saudi Arabia Duhail Handball Sports HallDoha
(13–9)

Group B 

Pos Team Pld W D L GF GA GD Pts Qualification
1  South Korea 3 2 0 1 94 90 +4 4[a] Semifinals
2  Bahrain 3 2 0 1 85 78 +7 4[a]
3  Iran 3 1 1 1 90 92 −2 3
4  Kuwait 3 0 1 2 89 98 −9 1
18 October 2019
16:00
South Korea  27–28  Iran Duhail Handball Sports HallDoha
(12–13)
18 October 2019
18:00
Bahrain  26–21  Kuwait Duhail Handball Sports HallDoha
(12–10)

20 October 2019
16:00
Kuwait  32–36  South Korea Duhail Handball Sports HallDoha
(16–20)
20 October 2019
18:00
Iran  26–29  Bahrain Duhail Handball Sports HallDoha
(13–15)

22 October 2019
16:00
Bahrain  30–31  South Korea Duhail Handball Sports HallDoha
(16–14)
22 October 2019
18:00
Iran  36–36  Kuwait Duhail Handball Sports HallDoha
(18–16)

Vôlei de praia / Voleibol de praia masculino – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Grupo A

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Noruega MolSørum 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Equipa Unificada SemenovLeshukov 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Espanha HerreraGavira 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Austrália McHughSchumann 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
24 jul 16:00 Equipa Unificada SemenovLeshukov 0-0 Espanha HerreraGavira 0-0, 0-0 [ Relatório]
24 jul 22:00 Noruega MolSørum 0-0 Austrália McHughSchumann 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 15:00 Equipa Unificada SemenovLeshukov 0-0 Austrália McHughSchumann 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 22:00 Noruega MolSørum 0-0 Espanha HerreraGavira 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 17:00 Espanha HerreraGavira 0-0 Austrália McHughSchumann 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 22:00 Noruega MolSørum 0-0 Equipa Unificada SemenovLeshukov 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo B

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Equipa Unificada KrasilnikovStoyanovskiy 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Chéquia PerušičSchweiner 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Letónia PļaviņšTočs 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 México Gaxiola – Rubio 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
26 jul 10:00 Equipa Unificada KrasilnikovStoyanovskiy 0-0 México Gaxiola – Rubio 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 17:00 Chéquia PerušičSchweiner 0-0 Letónia PļaviņšTočs 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 16:00 Chéquia PerušičSchweiner 0-0 México Gaxiola – Rubio 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 17:00 Equipa Unificada KrasilnikovStoyanovskiy 0-0 Letónia PļaviņšTočs 0-0, 0-0 [ Relatório]
31 jul 15:00 Letónia PļaviņšTočs 0-0 México Gaxiola – Rubio 0-0, 0-0 [ Relatório]
31 jul 16:00 Equipa Unificada KrasilnikovStoyanovskiy 0-0 Chéquia PerušičSchweiner 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo C

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Catar CherifAhmed 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Estados Unidos GibbCrabb 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Itália CarambulaRossi 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Suíça Heidrich – Gerson 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
25 jul 17:00 Catar CherifAhmed 0-0 Suíça Heidrich – Gerson 0-0, 0-0 [ Relatório]
25 jul 22:00 Estados Unidos GibbCrabb 0-0 Itália CarambulaRossi 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 09:00 Estados Unidos GibbCrabb 0-0 Suíça Heidrich – Gerson 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 20:00 Catar CherifAhmed 0-0 Itália CarambulaRossi 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 10:00 Itália CarambulaRossi 0-0 Suíça Heidrich – Gerson 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 22:00 Catar CherifAhmed 0-0 Estados Unidos GibbCrabb 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo D

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Brasil AlisonÁlvaro 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Países Baixos BrouwerMeeuwsen 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Estados Unidos LucenaDalhausser 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Argentina Azaad – Capogrosso 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
24 jul 10:00 Brasil AlisonÁlvaro 0-0 Argentina Azaad – Capogrosso 0-0, 0-0 [ Relatório]
24 jul 21:00 Países Baixos BrouwerMeeuwsen 0-0 Estados Unidos LucenaDalhausser 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 12:00 Brasil AlisonÁlvaro 0-0 Estados Unidos LucenaDalhausser 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 21:00 Países Baixos BrouwerMeeuwsen 0-0 Argentina Azaad – Capogrosso 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 11:00 Estados Unidos LucenaDalhausser 0-0 Argentina Azaad – Capogrosso 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 22:00 Brasil AlisonÁlvaro 0-0 Países Baixos BrouwerMeeuwsen 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo E

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Polónia Michał BrylFijałek 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Brasil EvandroBruno 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Chile M.GrimaltE.Grimalt 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Marrocos El Graoui – Abicha 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
25 jul 11:00 Brasil EvandroBruno 0-0 Chile M.GrimaltE.Grimalt 0-0, 0-0 [ Relatório]
25 jul 16:00 Polónia Michał BrylFijałek 0-0 Marrocos El Graoui – Abicha 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 15:00 Brasil EvandroBruno 0-0 Marrocos El Graoui – Abicha 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 17:00 Polónia Michał BrylFijałek 0-0 Chile M.GrimaltE.Grimalt 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 11:00 Chile M.GrimaltE.Grimalt 0-0 Marrocos El Graoui – Abicha 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 21:00 Polónia Michał BrylFijałek 0-0 Brasil EvandroBruno 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo F

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Japão IshijimaShiratori 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Alemanha TholeWickler 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Itália Paolo NicolaiLupo 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Polónia Piotr Kantor – Łosiak 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
25 jul 10:00 Japão IshijimaShiratori 0-0 Polónia Piotr Kantor – Łosiak 0-0, 0-0 [ Relatório]
25 jul 20:00 Alemanha TholeWickler 0-0 Itália Paolo NicolaiLupo 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 10:00 Japão IshijimaShiratori 0-0 Itália Paolo NicolaiLupo 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 20:00 Alemanha TholeWickler 0-0 Polónia Piotr Kantor – Łosiak 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 16:00 Itália Paolo NicolaiLupo 0-0 Polónia Piotr Kantor – Łosiak 0-0, 0-0 [ Relatório]
31 jul 11:00 Japão IshijimaShiratori 0-0 Alemanha TholeWickler 0-0, 0-0 [ Relatório]

Vôlei / Voleibol de praia feminino – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Grupo A

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Canadá Pavan – Humana-Paredes 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Suíça Heidrich – Vergé-Dépré 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Alemanha Sude – Borger 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Países Baixos Stam – Schoon 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
24 jul 12:00 Canadá Pavan – Humana-Paredes 0-0 Países Baixos Stam – Schoon 0-0, 0-0 [ Relatório]
24 jul 17:00 Suíça Heidrich – Vergé-Dépré 0-0 Alemanha Sude – Borger 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 12:00 Canadá Pavan – Humana-Paredes 0-0 Alemanha Sude – Borger 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 21:00 Suíça Heidrich – Vergé-Dépré 0-0 Países Baixos Stam – Schoon 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 10:00 Canadá Pavan – Humana-Paredes 0-0 Suíça Heidrich – Vergé-Dépré 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 15:00 Alemanha Sude – Borger 0-0 Países Baixos Stam – Schoon 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo B

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Estados Unidos Klineman – Ross 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Países Baixos Keizer – Meppelink 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Espanha Liliana – Baquerizo 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 China Wang X. – Xue 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
25 jul 09:00 Estados Unidos Klineman – Ross 0-0 China Wang X. – Xue 0-0, 0-0 [ Relatório]
25 jul 21:00 Países Baixos Keizer – Meppelink 0-0 Espanha Liliana – Baquerizo 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 09:00 Estados Unidos Klineman – Ross] 0-0 Espanha Liliana – Baquerizo 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 16:00 Países Baixos Keizer – Meppelink 0-0 China Wang X. – Xue 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 09:00 Estados Unidos Klineman – Ross 0-0 Países Baixos Keizer – Meppelink 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 17:00 Espanha Liliana – Baquerizo 0-0 China Wang X. – Xue 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo C

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Brasil Ágatha – Duda 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Canadá Bansley – Wilkerson 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 China Wang F. – Xia 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Argentina Gallay – Pereyra 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
24 jul 11:00 Brasil Ágatha – Duda 0-0 Argentina Gallay – Pereyra 0-0, 0-0 [ Relatório]
24 jul 20:00 Canadá Bansley – Wilkerson 0-0 China Wang F. – Xia 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 11:00 Canadá Bansley – Wilkerson 0-0 Argentina Gallay – Pereyra 0-0, 0-0 [ Relatório]
27 jul 22:00 Brasil Ágatha – Duda 0-0 China Wang F. – Xia 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 20:00 China Wang F. – Xia 0-0 Argentina Gallay – Pereyra 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 21:00 Brasil Ágatha – Duda 0-0 Canadá Bansley – Wilkerson 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo D

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Brasil Ana Patrícia – Rebecca 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Estados Unidos Claes – Sponcil 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Letónia Kravčenoka – Graudiņa 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Quénia Makokha – Khadambi 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
26 jul 09:00 Estados Unidos Claes – Sponcil 0-0 Letónia Kravčenoka – Graudiņa 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 11:00 Brasil Ana Patrícia – Rebecca 0-0 Quénia Makokha – Khadambi 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 11:00 Brasil Ana Patrícia – Rebecca 0-0 Letónia Kravčenoka – Graudiņa 0-0, 0-0 [ Relatório]
29 jul 09:00 Estados Unidos Claes – Sponcil 0-0 Quénia Makokha – Khadambi 0-0, 0-0 [ Relatório]
31 jul 09:00 Brasil Ana Patrícia – Rebecca 0-0 Estados Unidos Claes – Sponcil 0-0, 0-0 [ Relatório]
31 jul 10:00 Letónia Kravčenoka – Graudiņa 0-0 Quénia Makokha – Khadambi 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo E

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Austrália Clancy – Artacho del Solar 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Equipa Unificada Makroguzova – Kholomina 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Itália Menegatti – Orsi Toth 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Cuba Lidy – Leila 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
25 jul 12:00 Austrália Clancy – Artacho del Solar 0-0 Cuba Lidy – Leila 0-0, 0-0 [ Relatório]
25 jul 15:00 Equipa Unificada Makroguzova – Kholomina 0-0 Itália Menegatti – Orsi Toth 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 16:00 Equipa Unificada Makroguzova – Kholomina 0-0 Cuba Lidy – Leila 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 21:00 Austrália Clancy – Artacho del Solar 0-0 Itália Menegatti – Orsi Toth 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 15:00 Austrália Clancy – Artacho del Solar 0-0 Equipa Unificada Makroguzova – Kholomina] 0-0, 0-0 [ Relatório]
30 jul 20:00 Itália Menegatti – Orsi Toth 0-0 Cuba Lidy – Leila 0-0, 0-0 [ Relatório]

Grupo F

Jogos Sets Pontos
Pos Equipe Pts T V D V P R V P R
1 Japão Ishii – Murakami 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
2 Suíça Betschart – Hüberli 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
3 Alemanha Kozuch – Ludwig 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
4 Chéquia Hermannová – Sluková 0 0 0 0 0 0 MAX 0 0 MAX
24 jul 09:00 Japão Ishii – Murakami 0-0 Chéquia Hermannová – Sluková] 0-0, 0-0 [ Relatório]
24 jul 15:00 Suíça Betschart – Hüberli 0-0 Alemanha Kozuch – Ludwig 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 16:00 Suíça Betschart – Hüberli 0-0 Chéquia Hermannová – Sluková 0-0, 0-0 [ Relatório]
26 jul 20:00 Japão Ishii – Murakami 0-0 Alemanha Kozuch – Ludwig 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 10:00 Japão Ishii – Murakami 0-0 Suíça Betschart – Hüberli 0-0, 0-0 [ Relatório]
28 jul 15:00 Alemanha Kozuch – Ludwig 0-0 Chéquia Hermannová – Sluková 0-0, 0-0 [ Relatório]

 

Futebol feminino – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Grupo E

Pos. Seleção Pts J V E D GP GC SG
1 Flag of Japan.svg Japão
2 Flag of Canada.svg Canadá
3 Grã-Bretanha Grã-Bretanha
4 Flag of Chile.svg Chile
25 de julho Japão Flag of Japan.svg Flag of Canada.svg Canadá Sapporo Dome
7:30
25 de julho Grã-Bretanha  Flag of the United Kingdom.svg Flag of Chile.svg Chile Sapporo Dome
7:30

25 de julho Chile Flag of Chile.svg Flag of Canada.svg Canadá Sapporo Dome
7:30
25 de julho Japão Flag of Japan.svg Grã-Bretanha Grã-Bretanha Sapporo Dome
7:30

25 de julho Chile Flag of Chile.svg Flag of Japan.svg Japão Estádio Miyagi
7:30
25 de julho Canadá Flag of Canada.svg Grã-Bretanha Grã-Bretanha Estádio Kashima
7:30

Grupo F

Pos. Seleção Pts J V E D GP GC SG
1 Flag of the Netherlands.svg Países Baixos
2 Flag of Brazil.svg Brasil
3 China China
4 Flag of Zambia.svg Zâmbia
21 de julho China China Flag of Brazil.svg Brasil Estádio Miyagi
5:00
25 de julho Zâmbia Flag of Zambia.svg Flag of the Netherlands.svg Países Baixos Estádio Miyagi
7:30

25 de julho China China Flag of Zambia.svg Zâmbia Estádio Miyagi
7:30
24 de julho Países Baixos Flag of the Netherlands.svg Flag of Brazil.svg Brasil Estádio Miyagi
8:00

25 de julho Países Baixos Flag of the Netherlands.svg China China Estádio Int. de Yokohama
7:30
27 de julho Zâmbia Flag of Zambia.svg Flag of Brazil.svg Brasil Estádio Saitama 2002
8:30

Grupo G

Pos. Seleção Pts J V E D GP GC SG
1 Estados Unidos Estados Unidos
2 Suécia Suécia
3 Austrália Austrália
4 Nova Zelândia Nova Zelândia
25 de julho Suécia Suécia Estados Unidos Estados Unidos Estádio de Tóquio
7:30
25 de julho Austrália Austrália Nova Zelândia Nova Zelândia Estádio de Tóquio
7:30

25 de julho Suécia Suécia Austrália Austrália Estádio Saitama
7:30
25 de julho Nova Zelândia Nova Zelândia Estados Unidos Estados Unidos Estádio Saitama
7:30

25 de julho Nova Zelândia Nova Zelândia Suécia Suécia Estádio Miyagi
19:30
25 de julho Estados Unidos Estados Unidos Austrália Austrália Estádio Kashima
19:30

Futebol masculino – Tabela dos Jogos Olímpicos de Tóquio

GRUPO A

Seleção P J V E D GP GC SG
Flag of Japan.svg Japão 0 0 0 0 0 0 0 0
Bandeira da África do Sul África do Sul 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Mexico.svg México 0 0 0 0 0 0 0 0
França França 0 0 0 0 0 0 0 0
22 de julho Japão Flag of Japan.svg Bandeira da África do Sul África do Sul Estádio de Tóquio
8:00
22 de julho México Flag of Mexico.svg França França Estádio de Tóquio
5:00

25 de julho França França Bandeira da África do Sul África do Sul Estádio Saitama 2002
5:00
25 de julho Japão Flag of Japan.svg Flag of Mexico.svg México Estádio Saitama 2002
8:00

28 de julho França França Flag of Japan.svg Japão Estádio Internacional de Yokohama
8:30
28 de julho África do Sul Bandeira da África do Sul Flag of Mexico.svg México Sapporo Dome
8:30

 

GRUPO B

Seleção P J V E D GP GC SG
Flag of South Korea.svg Coreia do Sul 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of New Zealand.svg Nova Zelândia 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Romania.svg Romênia 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Honduras (2008 Olympics).svg Honduras 0 0 0 0 0 0 0 0
22 de julho Nova Zelândia Flag of New Zealand.svg Flag of South Korea.svg Coreia do Sul Estádio Kashima
5:00
22 de julho Honduras Flag of Honduras (2008 Olympics).svg Flag of Romania.svg Romênia Estádio Kashima
8:00

25 de julho Nova Zelândia Flag of New Zealand.svg Flag of Honduras (2008 Olympics).svg Honduras Estádio Kashima
5:00
25 de julho Romênia Flag of Romania.svg Flag of South Korea.svg Coreia do Sul Estádio Kashima
8:00

28 de julho Coreia do Sul Flag of South Korea.svg Flag of Honduras (2008 Olympics).svg Honduras Estádio Internacional de Yokohama
5:30
28 de julho Romênia Flag of Romania.svg Flag of New Zealand.svg Nova Zelândia Sapporo Dome
5:30

GRUPO C

Seleção P J V E D GP GC SG
Flag of Argentina.svg Argentina 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Australia.svg Austrália 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Egypt.svg Egito 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Spain.svg Espanha 0 0 0 0 0 0 0 0
22 de julho Argentina Flag of Argentina.svg Flag of Australia.svg Austrália Sapporo Dome
7:30
22 de julho Egito Flag of Egypt.svg Flag of Spain.svg Espanha Sapporo Dome
4:30

25 de julho Egito Flag of Egypt.svg Flag of Argentina.svg Argentina Sapporo Dome
4:30
25 de julho Austrália Flag of Australia.svg Flag of Spain.svg Espanha Sapporo Dome
7:30

28 de julho Austrália Flag of Australia.svg Flag of Egypt.svg Egito Estádio de Miyagi
8:00
28 de julho Espanha Flag of Spain.svg Flag of Argentina.svg Argentina Estádio Saitama 2002
8:00

GRUPO D

Seleção P J V E D GP GC SG
Brasil Brasil 0 0 0 0 0 0 0 0
Bandeira da Alemanha Alemanha 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Côte d'Ivoire.svg Costa do Marfim 0 0 0 0 0 0 0 0
Flag of Saudi Arabia.svg Arábia Saudita 0 0 0 0 0 0 0 0
22 de julho Brasil Brasil Bandeira da Alemanha Alemanha Estádio Internacional de Yokohama
5:30 [FIFA]
[Tokyo2020]
22 de julho Costa do Marfim Flag of Côte d'Ivoire.svg Flag of Saudi Arabia.svg Arábia Saudita Estádio Internacional de Yokohama
8:30 [FIFA]
[Tokyo2020]

25 de julho Brasil Brasil Flag of Côte d'Ivoire.svg Costa do Marfim Estádio Internacional de Yokohama
5:30 [FIFA]
[Tokyo2020]
25 de julho Arábia Saudita Flag of Saudi Arabia.svg Bandeira da Alemanha Alemanha Estádio Internacional de Yokohama
8:30 [FIFA]
[Tokyo2020]

28 de julho Arábia Saudita Flag of Saudi Arabia.svg Brasil Brasil Estádio Saitama 2002
5:00 [FIFA]
[Tokyo2020]
28 de julho Alemanha Bandeira da Alemanha Flag of Côte d'Ivoire.svg Costa do Marfim Estádio de Miyagi
5:00 [FIFA]
[Tokyo2020]

A vitória da Itália, celebrada pelos irlandeses

 

 

 

 

Ontem à noite, milhares de pessoas saíram às ruas para celebrar a vitória da Itália sobre a Inglaterra na final da Eurocopa. Não falo aqui apenas dos italianos, que celebraram como qualquer vencedor, mas sim dos habitantes da primeira colônia do Império Britânico: os irlandeses.

 

 

E, para finalizar, um poema musicado por um cantor irlandês, explicando o porquê de seus compatriotas estarem torcendo para os italianos:

Onde assistir Brasil x Argentina (final) – Copa América

Veja aqui tudo o que você precisa saber para não perder Brasil x Argentina Você saberá a data em que ocorre, o horário de início da transmissão e em qual canal poderá assistir ao jogo.

 

Saber onde encontrar a programação da transmissão de Jogo ao Vivo? É no Perspectiva Online.

 

Quando? O jogo Brasil x Argentina será no dia 10/07/2021.

 

Que dia da semana? sábado

 

Que horas? A transmissão do jogo começa às 21h00

 

Qual canal transmite? SBT e ESPN BRASIL

Onde assistir Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks – NBA

Veja aqui tudo o que você precisa saber para não perder Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks  Você saberá a data em que ocorre, o horário de início da transmissão e em qual canal poderá assistir ao jogo.

Saber onde encontrar a programação da transmissão de Jogo ao Vivo? É no Perspectiva Online.

Quando? O jogo Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks será no dia 29/06/2021.

Que dia da semana? terça-feira

Que horas? A transmissão do jogo começa às 21h30

Qual canal transmite? BAND, SPORTV2 e YOUTUBE (NBA BRASIL e TNT SPORTS)

Onde assistir Suécia x Ucrânia – Eurocopa 2021

Veja aqui tudo o que você precisa saber para não perder Suécia x Ucrânia 2021. Você saberá a data em que ocorre, o horário de início da transmissão e em qual canal poderá assistir ao jogo. Saber onde encontrar a programação da transmissão de Jogo ao Vivo? É no Perspectiva Online. Quando? O jogo Suécia x Ucrânia será no dia 29/06/2021. Que dia da semana? terça-feira Que horas? A transmissão do jogo começa às 16h00 Qual canal transmite?  SPORTV

Onde assistir Torneio de Wimbledon– 2021

Veja aqui tudo o que você precisa saber para não perder Torneio de Wimbledon 2021. Você saberá a data em que ocorre, o horário de início da transmissão e em qual canal poderá assistir ao jogo.

Saber onde encontrar a programação da transmissão de Jogo ao Vivo? É no Perspectiva Online.

Quando? O jogo Torneio de Wimbledon será no dia 30/06/2021.

Que dia da semana? quarta-feira

Que horas? A transmissão do jogo começa às 7h00

Qual canal transmite?  SPORTV3 e BANDSPORTS

Onde assistir Inglaterra x Alemanha – Eurocopa 2021

Veja aqui tudo o que você precisa saber para não perder a partida Inglaterra x Alemanha, Eurocopa 2021. Você saberá a data em que ocorre, o horário de início da transmissão e em qual canal poderá assistir ao jogo.

Saber onde encontrar a programação da transmissão de Jogo ao Vivo? É no Perspectiva Online.

Quando? O jogo Inglaterra x Alemanha, pela Eurocopa 2021 será no dia 29/06/2021.

Que dia da semana? terça-feira

Que horas? A transmissão do jogo começa às 13h00

Qual canal transmite? GLOBO, SPORTV, GE.GLOBO e GLOBOPLAY

Pibe: o mascote da Copa América

Mascote da Copa América 2020 Pibe Pelúcia - Loja do Mascote Desde 2013

 

Quem está acompanhando a Copa América deve ter percebido a presença de um pequeno cãozinho nas transmissões. Trata-se de “Pibe”, o mascote oficial da competição realizada no Brasil.

“Pibe” é um vira-lata caramelo e tem pai argentino e mãe colombiana, representando a ideia original de realizar a Copa América nesses dois países. A ideia foi abortada – a Copa está sendo realizada no Brasil – mas a filiação do bichinho continua a mesma.

O nome do animalzinho faz referência à expressão espanhola para designar “menino”, comum a vários países vizinhos, e representa todos os cachorrinhos que invadem campos na América do Sul – uma marca registrada das competições em nosso continente.

Um exemplo famoso desses trepidantes eventos aconteceu durante a Copa do Mundo de 1962, no Chile. Na ocasião, um cachorro invadiu o campo durante a partida Inglaterra x Brasil, válida pelas quartas de final. Vários jogadores brasileiros e ingleses tentaram agarrar o bichinho, sem sucesso, até que o atacante inglês Jimmy Greaves teve uma ideia: resolveu imitar, ele próprio, um cachorro para atrair o invasor e tentar retira-lo de campo. Foi bem sucedido, como se pode ver no vídeo abaixo, e a encarnação “sixtie” de “Pibe” saiu da cancha:

 

Duelo literário em Londres: para escoceses, Shakespeare é um “shite Rabbie Burns”

O clássico Escócia x Inglaterra desta última sexta-feira terminou em 0 x 0. O jogo válido pela Eurocopa teve com apresentação aguerrida dos escoceses e uma atuação abaixo do esperado por parte dos ingleses, que não souberam usar a vantagem de jogar em Wembley a seu favor.

A disputa anglo-escocesa nas ruas de Londres teve um componente literário: um grupo de torcedores da Tartan Army reuniu-se diante da estátua de William Shakespeare, em Londres, e iniciou um canto provocativo:

“A shite Rabbie Burns

You’re just a shite Rabbie Burns”

(tradução livre: “Você é apenas um Rabbie Burns de merda”)

 

O Rabbie Burns em questão é Robert Burns (Rabbie é o apelido de “Robert” no dialeto escocês), o poeta nacional da Escócia.

Robert Burns: 4 uncomfortable truths about the man celebrated the world over | The Scotsman

Robert Burns nasceu em Ayrshire, na Escócia, em 1759. Sua poesia de recorte nacionalista (era um firme defensor da Independência escocesa)  e popular (incluía crítica social e religiosa) faz parte da memória comum de todos os escoceses, que o citam frequentemente em discursos, textos ou celebrações. E seu trabalho atravessou fronteiras: a mais famosa de suas criações, “Auld lang syne”, foi popularizada mundo afora como canção natalina.

Em uma votação popular de 2009, Burns foi escolhido pelos seus compatriotas como o maior escocês de todos os tempos – vencendo até mesmo o líder independentista William Wallace, celebrado por Mel Gibson em “Coração Valente”. Uma glória e tanto. Mas não maior do que ser cantado a plenos pulmões pelos torcedores comuns após um jogo de futebol. Eis a maior prova de que Robert “Rabbie” Burns viverá para sempre.

Resumo e análise de “Mensagem”, de Fernando Pessoa

O momento

“Mensagem”, de Fernando Pessoa, foi publicado no dia 1 de dezembro de 1934. A data comemora a Restauração da Independência do trono português e o fim da União Ibérica, que colocou os reinos de Portugal e Espanha sob o mesmo monarca. A escolha de Fernando Pessoa não parece ter sido gratuita: o livro aborda justamente a restauração da grandeza perdida de Portugal em todos os níveis:  simbólico, político, cultural e espiritual.

Em 1934, Portugal é um país profundamente decadente, mas que busca a reconstrução. É a nação mais pobre da Europa Ocidental e profundamente dependente dos ingleses, com quem têm um tratado desde o século XIV. Em 1933, o ditador Antonio Salazar assume o poder com a promessa de, entre outras coisas, retomar a grandeza perdida do país.

O poeta

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, em 1888. Aos cinco anos, perde o pai e é levado pelo padrasto e pela mãe para Durban, na África do Sul, onde faz o curso primário e secundário. Retorna a Lisboa em 1905, matriculando-se no curso de Letras da Universidade de Coimbra. Sustenta-se como correspondente comercial em línguas estrangeiras. Envolvido pela poesia, passa a participar de revistas como a “Orpheu”, publicação fundamental das letras portuguesas daquela época. Em 1934, publica “Mensagem” e inscreve o livro em um concurso nacional de poesia, obtendo o segundo lugar.

No ano seguinte, é acometido de uma cirrose hepática e morre. Seu único livro publicado em vida é “Mensagem”.

3. A poética de “Mensagem”: estrutura do poema, recursos poéticos, temática

“Mensagem” é o único trabalho de pessoa elaborado de modo estruturado. O resto de suas publicações em vida foram poemas esparsos, livretos ou ensaios, impressos em jornais ou revistas literárias.

A matéria de Pessoa em “Mensagem” é a História de Portugal – suas origens simbólicas, suas aventuras marítimas e sua mitologia nacional da redenção e do retorno à glória. A glorificação da história nacional aproxima “Mensagem” de “Os Lusíadas”, de Camões. Quem lê “Os Lusíadas” acaba por conhecer boa parte da história portuguesa, narrada de forma mítica, mas, ainda assim, narrada, com personagens, acontecimentos e desenrolares. Não é o caso de “Mensagem”: aqui, os eventos da história portuguesa são, mais do que contados, interpretados.

O livro apresenta uma estrutura tripartite, isto é, dividida em três partes: “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”. As partes são equivalentes, grosso modo, à ascensão, ao apogeu e ao declínio de Portugal.

3.1 – “Brasão”

Os poemas reunidos nesta parte do livro abordam a formação de Portugal, a expansão do território e os descobrimentos. A divisão desta parte do livro é baseada no brasão nacional de Portugal, que tem dois campos divididos: um tem sete castelos, o outro, cinco quinas. Na parte de cima do brasão está a coroa e o timbre. Os poemas abordam as principais figuras da história portuguesa, como o infante Dom Henrique, Dom Afonso Henriques, Afonso de Albuquerque e diversos mitos relacionados a Portugal.

Trecho:

SEGUNDO / VIRIATO

Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.

Nação porque reencarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste —
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é ja o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.

 

 

3.2 – Mar Português

Nesta parte, os poemas enfocam as viagens marítimas e as conquistas de Portugal. Enfoca os principais caminhos percorridos pelos portugueses ao longo de sua longa trajetória histórica, os inimigos enfrentados e as missões desempenhadas.

Trecho:

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

3.3 – O Encoberto

Enfoca a visão de D. Sebastião e do Quinto Império, mito capaz de reverter a decadência portuguesa. Dom Sebastião foi um rei de Portugal desaparecido em 1578, após um ataque aos mouros no Norte da África. Após o seu desaparecimento, diversas lendas e profecias são associadas ao seu nome, todas elas prevendo o seu retorno triunfal – ao conjunto destas lendas e profecias dá-se o nome de sebastianismo.

A volta do rei Dom Sebastião está em diversas profecias presentes na cultura portuguesa – como a do Padre Antônio Vieira – e sua missão será formar o Quinto Império, onde Portugal voltará a ganhar a proeminência do passado.

Trecho:

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?

 

 

Conheça vários mascotes das Olimpíadas – de 1972 a 2020

  • Olimpíadas de 1972 – Munique

1972

O mascote das Olimpíadas de Munique foi Waldi, um cãozinho da raça Dachshund, popular na Alemanha. O mascote foi idealizado para representar os atributos requeridos para atletas – resistência, tenacidade e agilidade. Foi criado por Otl Aicher, um dos maiores designers gráficos alemães do século XX. A cabeça e cauda eram azuis e o corpo apresentava faixas com as outras cores olímpicas.

É o primeiro mascote oficial dos Jogos Olímpicos.

  • Olimpíadas de 1976 – Montreal

Amik é o mascote das Olimpíadas de 1976. Trata-se de um castor, escolhido por ilustrar o trabalho e, também, porque é um animal nativo do Canadá.

  • Olimpíadas de 1980 – Moscou

Misha, apelido russo de Mikhail é o mascote das Olimpíadas de Moscou realizadas em 1980 em Moscou, um ursinho  criado pelo ilustrador soviético Victor Tchijikov. O ursinho virou febre mundial, seua aparição nas cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, emocionou o mundo. Um dos momentos mais marcantes foi na cerimônia de encerramento, em que o ursinho apareceu chorando.

Misha foi um sucesso comercial, virou desenho animado e miniaturas do bichinho foram vendidas mundialmente.

  • Olimpíadas de 1984 – Los Angeles

A águia Sam é a mascote das Olimpíadas de Los Angeles, realizadas em 1984, escolhida porque a águia-de-cabeça-branca é símbolo nacional dos Estados Unidos. Foi desenhada por Bob Moore, artista que, durante anos, trabalhou na Disney – o que é perceptível nos traços de Sam, que lembram muito o Tio Patinhas.

  • Olimpíadas de 1988 – Seul

O tigrinho Hodori foi o mascote dos Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul, em 1988. O aspecto amistoso remete à tradicional hospitalidade do povo sul coreano.

  • Olimpíadas de 1992 – Barcelona

Cobi foi o mascote oficial dos Jogos Olímpicos de 1992 disputados em Barcelona, Catalunha. Cobi é um cão da raça pastor catalão desenhado em estilo cubista inspirado na interpretação de Picasso da obra Las Meninas, de Velázquez. Cobi foi desenhado por Javier Mariscal. O mascote foi apresentado ao público em 1987. Seu nome foi derivado do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Barcelona (Coob). Assim como Misha, Cobi foi um sucesso comercial.

  • Olimpíadas de 1996 – Atlanta

Izzy foi a mascote dos Jogos Olímpicos de 1996, disputados em Atlanta, nos EUA. Criada em 1991, pelo designer gráfico John Ryan, foi apresentada no encerramento dos jogos de 1992 como “Whatizit” (nome baseado na frase “What’s it?“, O que é isso?). Isso porque a figura não remetia a qualquer animal ou tradição, sendo uma figura abstrata. Devido à baixa aceitação popular, a organização dos jogos solicitou que fossem realizadas algumas mudaças, o que foi feito e, em 1995, foi apresentada a versão final, conhecida como Izzy.

  • Olimpíadas de 2000 – Sydney

Sidney inovou e apresentou três masotes: Olly, Syd e Millie, representando animais típicos do país-sede da competição. Syd é um ornitorrinco, e representa o espírito de competição. Millie é uma equidna, outro animal típico do país, criada na intenção de representar uma mulher moderna. Suas principais características são a inteligência e a criatividade. Seu nome advém da palavra “Milênio”, numa referência ao fato de que os Jogos de Sydney foram os últimos do segundo milênio. Olly é uma kookaburra, ave típica australiana. Ela representa a amizade e a variedade de culturas, junto com o companheirismo e o espírito olímpico.

  • Olimpíadas de 2004 – Atenas

Athena e Phevos  foram as mascotes dos Jogos Olímpicos de 2004. Formam um casal de irmãos foi inspirado em bonecas de argila encontradas durante escavações na Grécia. Os nomes das mascotes representam os deuses gregos Atena e Apolo.

  • Olimpíadas de 2008 – Pequim

Fuwa é o grupo dos mascotes olímpicos das olimpíadas de Pequim, em 2008. Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini são seus nomes. Em inglês, são chamados The Friendlies (Os Amistosos) e em chinês usa-se o termo 福娃 (Fúwá, que quer dizer “Crianças de boa sorte”). Foram apresentados publicamente em 11 de Novembro de 2005, a 1.000 dias exactos do início dos Jogos.

  • Olimpíadas de – 2012 Londres

Wenlock e Mandeville são as mascotes oficiais dos Jogos Olímpicos de 2012. Representam duas gotas de aço, como representação da última viga de suporte do Estádio Olímpico.

  • Olimpíadas de – 2016 Rio de Janeiro

Vinícius foi o mascote oficial dos Jogos Olímpicos, e Tom foi o mascote oficial dos Jogos Paralímpicos de 2016. Vinícius representa a vida selvagem brasileira, enquanto Tom representa a vida vegetal brasileira. Os nomes homenageiam Vinicius de Moraes e Tom Jobim, os co-escritores de “Garota de Ipanema”.

  • Olimpíadas de 2020 – Tóquio

Veja nosso post especial sobre eles: Mascotes das Olimpíadas de Tóquio 2020